8 de set. de 2010

Conto Infanto Juvenil



Olá!
Hoje criei um conto infantil, comprei estes três personagens de um senhor que cria brinquedos com esponja e acho que ficou bem legal
Um abraço
Fernanda


O lenço de Vinte


Tem uma gurizada aqui querendo saber que história é essa de lenço de vinte... Vinte reais? Um me perguntou. Já o outro queria saber se era de vinte metros. Oh! Gurizada de mente fértil. Vinte metros seria uma cortina e das grandes, não um lenço. Buenas! Deixa que eu me apresente: sou Vinte, o jacaré mais papudo desses pagos. Como? Não vinte não é de vinte centavos, nem abreviatura internetesca de “vim te ver” é de Vinte de Setembro. Pois é isso! Me chamam de Vinte porque eu sou o único jacaré que herdou um Lenço Farroupilha. Tem gurizada achando que eu tô mentindo, cuidado! Olha que tive uns primos que não entraram no céu porque tinham a boca grande e ficavam rindo dos outros e contando lorota. Pois este lenço aqui, que está amarrado no meu pescoço, está na minha família desde 20 de setembro de 1835, aviso que quem duvidar vai acabar tomando uma mordida! 175 anos! Pode puxar a maquininha e fazer as contas. Pois então aí vai a história. Segundo aviso: quem for meio fraco de estômago pode ir perguntando pra professora onde fica o banheiro...
Era vinte de setembro de mil oitocentos e trinta e cinco e Dente Afiado, minha trisavó, guardava seu ninho sob a ponte da Azenha, nele estavam seus filhotes recém descascados. O lugar era lindo a água do riacho tinha fartura de peixes e naquela época do ano ficava cheio como um Dilúvio. Havia, nas margens do riacho um grande acampamento de homens, que mais tarde ela soube que eram chamdos de Farrapos. A noite se aproximava e tudo parecia muito calmo... Um Azulão, chamado César, cantava a proximidade da primavera e uma ratazana, que ninguém sabe bem o nome, espiava a movimentação. Os humanos estavam exaltados e isso não era bom sinal. A ratazana desceu a ponte correndo e contou que o cheiro do ar era de encrenca. O Azulão de cima de uma árvore confirmou, algo estava para acontecer. Dente Afiado observou que os homens que estavam acampados usavam roupas gastas e tinham armas. Pediu a ratazana que fosse até lá e descobrisse com os cavalos o que afinal estava se passando. Ela foi e voltou correndo para não ser descoberta. Ofegante trouxe consigo um lenço vermelho que estava no acampamento. Os cavalos sabem pouca coisa, disse a ratazana enquanto recuperava o fôlego, mas parece que vai começar uma Revolução... O Azulão confirmou que outro grupo de homens marchava naquela direção. A ratazana evitava chegar muito perto, pois os jacarés são muito brabos e quando estão com fome não poupam ninguém, então jogou o lenço perto da senhora. Dente Afiado puxou o lenço com a boca e tapou o ninho, em sinal de amizade, pois se os jacarés são brabos mais ainda são os homens. Se por acaso passassem por perto veriam que se tratava de um ninho Farroupilha. Não que ela soubesse exatamente o que isso significava, mas numa “peleia” é preciso escolher um lado. Os homens se encontraram bem perto da ponte e naquela noite começou uma longa briga que durou dez anos! Imaginem dez anos de peleia. Dente Afiado se mudou com a família, pois a cidade cresceu e ficou muito perigosa. A ratazana teve muitos filhos que se espalharam por este mundão velho. O Azulão foi morar na serra e fez fortuna, hoje tem até um CD gravado em sua homenagem: " O Canto do Azulão". Desde então o lenço passa de geração em geração! Mas agora vocês vão me dar licença que o baile da Semana Farroupilha já vai começar e essa festa eu não posso perder...


Fernanda Blaya Figueiró