9 de dez. de 2008

Quem criou as margaridas?



Quem criou as margaridas?



A pergunta ecoou, pelo vale, numa voz terna e infantil. Ninguém soube, exatamente, de onde partiu, mas, uma vez, enunciado o problema, exigia uma resposta.

Jean Baptiste, o mico pintor, assim batizado em registro e devidamente identificado por um chip, descendente de uma linhagem muito antiga - como se houvessem linhagens que não fossem antigas - achou a pergunta um pouco vaga. O vale era selvagem, entregue, totalmente a natureza, logo, não havia um cultivador de margaridas! Elas apareciam, com o vento, ou trazidas por pássaros. A verdade é que a pergunta lançou luzes sobre uma querela antiga, mais do que a linhagem de Jean Baptiste... Para encurtar caminhos, respondeu ao vento: Foi Deus.

Porém, sentiu uma incontrolável vontade de pintá-las, imortalizando, assim, a bela criação. Seu olhar de artista observou, atentamente, as pequenas flores que formavam um grande tufo branco, amarelo e verde. Uma combinação perfeita de cores e de volume.

Nhandu , a velha ema gaúcha, que passeava, placidamente, pelo vale, não deixou de notar a perfeição da reprodução.

- Parabéns! – disse, dirigindo-se a Jean Baptiste. - Seu quadro espelha, com perfeição, a beleza das margaridas... Uma perfeição, mais do que perfeita, até, eu diria.

- O sonho dos artistas, obrigada minha senhora, mas nada pode ser mais perfeito do que a natureza. O homem tendeu a intensificar as cores, a transformar os aromas, a redesenhar os espaços e olha o que aconteceu? Agora, busca a pureza das coisas, a matriz... Quer beber a água na fonte, cristalina e pura.

- Não importa quem criou as margaridas. – sentenciou o mico pintor – Importa é que elas estão aqui, perfeitas, e ao nosso alcance.

A ema raspou o chão, com as patas, e encontrou uma saborosa minhoca. O mico quebrou a casca de um coquinho de butiá. O vento soprou, forte, balançando as margaridas, que, absortas a tudo, sugavam água do solo. O sol começou a descer e a lua a aparecer, timidamente. Nuvens coloridas instigaram a atenção do pintor. E as margaridas ganharam um contorno delicado, no quadro. A ema procurou abrigo e o mico guardou as tintas. As nuvens mandaram água... As margaridas contaram a história de um mico e uma ema, que pintaram um belo quadro que refletia o mundo perfeito, imaginado há muito tempo.

Viamão, 9 de dezembro de 2008.

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

24 de nov. de 2008

A vaca caiu na lama

Oi Gente!
Esta história surgiu de uma contação da Cataventus no Espaço Viandantes.AS crianças escolheram alguns animais do livro: O Menino Mestre e o Rei Zumbi, de Mestre Klaity e Cássia Luz. Começamos uma nova história e fiz esta pequena esquete.

beijos,
Fernanda.

A vaca caiu na lama!
Macaco-
Coelho –
Tatu bola –
Arraia –
Caranguejo-
Vaquinha –
Leão –
Zebra –
Girafa –
Coruja –

Roteiro Fernanda Blaya Figueiró.

Sinopse: Os animaizinhos estão brincando na praia, quando o Macaco entra e diz que a vaca caiu na lama e precisa de ajuda. Eles passam a decidir como vão ajudar.

Cenário: Uma praia próxima a uma floresta.

Sugestão: Pode ser feita uma mistura de contação e interpretação. Um adulto ( ou um dos adolescentes) vai contando a história e algumas falas são interpretadas pelas crianças. A caracterização pode ser feita com crachás com o desenho dos personagens, para facilitar a produção.
1ª Cena

Coruja
- Bom Dia( tarde?) !
Eu sou, como vocês podem ver, uma??? Coruja!!
E esta é a árvore que eu moro... Pois bem! Tudo começou em um lindo dia de sol, lembro bem! Os animaizinhos brincavam tranquilamente: o coelho ( entra o coelho) comia uma enorme folha de couve( ou uma fruta); o tatu bola ( entra o tatu ) brincava de alongar o casco; na areia o caranguejo ( entra o caranguejo) dançava de um lado para o outro e, na água, a arraia nadava e pulava.
Tudo estava muito calmo! Até que o macaco Kako ( entra o macaco) chegou muito afobado contando que a Vaca tinha caído na lama. Não foi assim Kako?

Kako
- Isso mesmo! A Vaca caiu na Lama!

Coruja ( olhando para os animaizinhos)
- E agora? A vaca caiu na lama, o que vamos fazer?

O macaco senta e come um pedaço da cove ( pode ser uma fruta) do coelho. Os outros personagem olham para a coruja e a narrativa passa para tempo real.

Coelho
- Eu tenho que cuidar da horta...

Arraia
- Eu não posso sair do mar.

Tatu bola

- Eu tenho que fazer meus buracos!! Tenho muitos buracos e túneis para fazer... Não posso ajudar vaca nenhuma...

Caranguejo
- Que tamanho é essa vaca??

Coruja
- Então Kako? Que tamanho é a vaca...

O macaco abre bem os braços.

Kako
- Deste tamanho...

Coelho
- Xiiiiiiiii! Deste tamanho! Como é que a gente vai ajudar??

Coruja
- E agora? Quem sabe pedimos ajuda para a girafa, o leão e a zebra. Eles moram na floresta.

Coelho
- O leão??? Sei não! ( o coelho pode ficar se escondendo do leão) Leão!!! Será que ele vai se comportar?

Tatu bola
- O Leão é gente boa! Quando não está com fome ( para o público) Eu vou lá chamar eles....

O tatu sai.

Coruja
- Kako! É muito longe o lugar onde a vaca caiu na lama?

Kako
- É... Pra lá! ( aponta para uma direção)

O tatu volta acompanhado pelo leão, a zebra e a girafa.

Tatu
- Aqui estão eles!

Leão
- O tatu disse que a vaca caiu na lama. O que vocês querem que a gente faça?

Coelho
- Acho que eu vou desmaiar! ( olhando para o público e se afastando do leão)

Coruja
- O Kako disse que a vaca é deeeeeeeeeesse tamanho! E nós somos todos assim( faz um gesto indicando que são todos pequenos) ...

Girafa
- Um bando de baixinhos... E onde está a vaca???

Kako
- Lá!

A girafa estica o pescoço e diz:

Girafa
- Lá está ela! Coitada... No meio da lama...

Zebra
- Eu posso puxar ela, se todo mundo ajudar...

Coruja
- Quem sabe jogamos uma corda para ela e puxamos... Pode ser uma corda com muitos nós. Cada um de nós pega um nó e puxa...

Todos
- Pode ser...

O macaco sai e volta trazendo uma corda...

Coruja
- Quem vai levar a corda até ela?

Coelho
- Deixa comigo...
O coelho sai levando a corda

Leão
- Fazer força me deixa com uma fome...

Coelho
- E essa agora...

Coruja
- Vamos gente! No três puxamos juntos... Um, dois e três

Todos os personagens pegam na corda e puxam

Coruja
- Força! Força!

Depois de alguns minutos o coelho retorna. A vaca entra toda suja segurando a corda.

Coruja
- Bem vinda dona vaca!!

Vaca
- Obrigada!! Muuuuuuuuuu! Mas, Muuuuuuuuuuuu ... Eu só estava tomando um bom banho de lama...

Coruja
- E assim termina a nossa história... Palmas para nossos amigos!!!

A História pode terminar com uma coreografia.

Um Conto de Natal - As três Marias

As Três Marias - Um conto de Natal



Lá, do alto do céu, as Três Marias observavam a Terra, quando viram que, sorrateiramente, alguém tentava acabar com a alegria do Natal.

- O Natal é só comércio... O Natal virou uma porcaria... Não tem mais peru... Não tem mais presentes... Nem bolinhas, no pinheiro, tem...! Ou melhor, nem pinheiro... Que bobagem esse tal Natal... Natal!!! Natal!!...

Em muitos lugares diferentes do Planeta, eram ouvidos estes resmungos...

- O que podemos fazer? - Conversaram as estrelas, entre si.

Natal, sem alegria, não é Natal!

Órion, o grande guerreiro da constelação, resolveu ajudar! Autorizou as estrelas a descerem, até a Terra, para procurar a alegria perdida. Por alguns dias, ficaria sem seu cinturão. Pelo poder de sua constelação, transformou as três estrelas em três anjos: Maria da Paz, Maria do Amor e Maria da Compaixão.

Mas o encanto terminaria, no dia 24 de dezembro de dois mil e oito, à meia noite. Porém, se as Três Marias não encontrassem a alegria, este seria o último Natal de todos.

O tempo começou a correr e elas desceram, com muito cuidado...! Cada uma foi parar , num canto diferente do mundo.

Percorreram cidades, florestas, praias, desertos... Sempre perguntando: - O que é o Natal?

As respostas eram as mais variadas possíveis... Mas, uma que sempre se repetia, deixou as estrelas preocupadas... – Não sei! Ninguém mais sabia!

Pois é! As pessoas haviam esquecido a história do Natal... E Vocês amiguinhos ainda lembram?

Maria do Amor resolveu, então, começar contando a história de um menino, chamado Jesus de Nazaré. Um menino que veio ao mundo, para trazer uma mensagem, Maria da Paz continuou, falando de paz, amor e compaixão. Ele tinha nascido, em uma pequena estrebaria, aquecido pelo amor de Maria e José e na companhia de muitos animaizinhos. Maria da Compaixão contou que a Estrela de Belém guiou os pastores e três reis, de lugares distantes, até o menino.

Elas contaram esta história, muitas vezes, para muitas crianças, jovens e adultos...

E, no dia vinte e quatro de dezembro, à meia noite, quando o grande guerreiro Órion apareceu, o mundo estava em festa; a alegria retornara, em todos os lares da Terra...!! Não importavam os presentes, as luzes e nem as fartas ceias... A alegria do Natal estava no sorriso de um menino, chamado Jesus de Nazaré...!!

Viamão, 24 de novembro de 2008.


Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Revisão: Angelita Soares

15 de nov. de 2008

A porta do fim do mundo.

A porta do fim do mundo.

Estava á procura da porta do fim do mundo, para passar-lhe uma tramela. Não era nenhum herói ou guerreiro, nem bruxo ou feiticeiro. Era pequenino e peludo. Tinha garras afiadas... dentes pontudos... e olhos brilhantes. Mas ,antes de partir, bateu a porta de Dona Bruxa, para pedir um conselho. Ouviu um rangido medonho e viu levantar muita poeira. A porta abriu, com dificuldade! E, lá, no fundo do corredor, Dona Bruxa apareceu. Usava um vestido comprido, muito bonito e esverdeado. Estava sentada perto de um poço, que refletia a luz da lua.
- Venha cá, bichano – Disse sem sair do lugar. - Como você se chama?
- Digo? Ou não digo meu nome a Dona Bruxa? – Pensou, assustado.
Foi chegando de mansinho e se aninhou, como para tirar um soninho.
- Que nome você acha que eu tenho? –Perguntou, como quem não queria nada.
- Gato angorá, laranja e branco, com um olho de cada cor... - Resmungou ela. – Que procura a porta do fim do mundo? Hum! Vejamos... Mitho? – Do poço, saia uma fumaça estranha – Então, meu pequeno, diga por que bateu em minha porta?
- Ouvi dizer que o fim do mundo se aproxima, vou passar uma tramela, na porta para que assim ela nunca se abra. Só que preciso chegar até ela. Dona Bruxa entendeu o problema.
- O mundo finda onde inicia. –Respondeu sem demora – Para achar a porta que abre o fim, tem que encontrar a porta que abriu o começo. Mitho, a viagem pode ser muito longa...
- Gato tem sete vidas – Ele respondeu, cheio de orgulho.
- Pois bem... Preste bastante atenção: a porta do início do mundo deve permanecer sempre aberta. O fim começa, quando a porta do começo se fecha. Entendeu?
Mitho entendeu tudo, direitinho. Deixou Dona Bruxa e seguiu, por um longo caminho. Até que chegou, em uma linda porta aberta, ornamentada, com um arco de flores... Mitho descobriu que o mundo não tem uma porta de fim, só de começo!
Seus temores acabaram e jogou, fora, a tramela!!

Viamão, 15 de novembro de 2008.
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

11 de nov. de 2008

O ladrão de sonhos

Oi Gente!

Nessa nova fase do blog quero fazer pequenos contos e poemas.

beijos,

Fernanda


O ladrão de sonhos.

Tinha um furtivo andar e um olhar preciso...Para aquilo que podia levar. Mas não era um ladrão comum, destes que batem carteiras e roubam senhas. Era um ladrão de sonhos!
Não usava capa e nem máscaras de meias, para ocultar a face, mas, sim, um outro disfarce, o de Sabichão. Suas vítimas preferidas não traziam grandes posses, mas eram ricas em esperança e alegria... A alegria de sonhar, quem sabe, com uma festa na praça, ou uma tarde de poesia. Um banho de cachoeira! Uma bela refeição por fadas preparada. Uma corrida num camelo, nos desertos da Arábia. Subir o topo de uma grande montanha, ou colocar o pé, no oceano, e sentir como a terra respira.
O Sabichão, por trás de óculos redondos, chegava, destruindo tudo:
- Ah! Que besteira! Festa na praça, coisa mais brega! Festa tem que ser em “club”! Poesia se lê à noite, nunca, à tarde! Banho de cachoeira é ultrapassado! Fadas, cruz credo, coisa mais antiga! Camelo, queridinha, não tem coisa mais sem graça! Topo de montanha! Pé no oceano! Faça-me o favor! Tudo isso já foi feito!! A Terra respira? Oh, imagenzinha mais gasta!
E, assim, ele ia, roubando sonho por sonho. Destruindo e engolindo as alegrias de um povo simples e trabalhador, que só queria sonhar, um pouquinho. O Sabichão não media esforços, para acabar com a fantasia. Só que não sabia que afiava a própria guilhotina. O povo foi se cansando de tanta danação e ninguém mais ouvia o falso Sabichão.
E essa nossa breve história terminou, assim:O povo continuou sonhando e trabalhando e o Sabichão acabou preso, numa rede de desgostos, que ele mesmo teceu.
Quem cruza a praça mal vê a agonia do resmungão: - Mas, eu sei! Eu Li! Eu disse... Eu, eu é que sei... Sabia? Sabichão, o ladrão de sonhos, perdeu seu andar e seu olhar, junto com sua alegria.

Viamão, 11 de novembro de dois mil e oito.

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

1 de nov. de 2008

O rio e a rua

Oi Gente!

Este texto foi resultado de uma oficina da Cataventus,

Beijos
Fernanda


O rio e a rua

Em uma pequena cidadezinha tinha um rio e uma rua.
Na rua passavam cavalos, cachorros, pessoas, carros, carroças e muitos animais.
No rio havia flores, árvores, barcos, pescadores e muitos peixes.
O tempo foi passando a cidade crescendo, a rua ficando lotada, o rio poluído.
Na rua as crianças não podiam mais brincar, nem os carros andar. As carroças foram banidas, os animais desapareceram.
No rio as árvores secaram, as flores murcharam, os barcos encalharam, os peixes desapareceram e os pescadores enlouqueceram.
Até que um dia...
Se essa rua Se essa rua fosse minha Eu mandava Eu mandava ladrilhar...
Se esse rio Se esse rio fosse meu. Eu mandava Eu mandava drenar...
Só para ver o amor o amor retornar...
Com essa cantiga as crianças olharam para,
O rio da rua
A rua do rio
Aconteceu que um anjo apareceu...
Essa rua, essa rua, ela é minha,
Mas é sua, ela é sua também.
Quando chegou o fim do
Dia a rua brilhava e o rio também.

Produção Textual Coletiva dos alunos do Novo Lar de Viamão e da escritora Fernanda Blaya Figueiró
Glosa do poema Paraíso – José Paulo Paes – livro Poesia Fora da Estante – Editora Projeto. E na cantiga popular.
Oficina do Projeto Conte Outra vez- Cataventus
Novo Lar de Menores – Viamão
Viamão, 15 de Junho de 2008

30 de out. de 2008

Último capítulo

Oi Gente!

Este é o último capítulo da série As Fantásticas Histórias de Sibile.

Espero que vocês gostem!

E, em novembro tem novidades...

Beijos,

Fernanda


A arca


A cobrinha Sibile voltou, exausta, da festa de casamento! Comeu um filhote de preá e dormiu por um longo período de tempo, aconchegada, no interior do tronco da árvore em que morava.
Quando acordou havia um cartaz preso, em sua porta, que dizia assim:
Noite de Estréia “ As Fantásticas histórias de Sibile!” – Não perca! Uma história narrada pelo Lagarto Adroaldo.
Sibile piscou os olhos! Não via nada de fantástico, em suas histórias. No cartaz, ela aparecia coberta de merengue, em meio ao bolo de casamento, tinha os olhos pintados e usava batom vermelho. O bolo estava sobre uma antiga arca entreaberta, de lá saia um pergaminho, no formato do corpo de uma cobra, que virava uma flauta e depois fumaça... Que sinistro! Quanto tempo teria dormido? Lembrava que tinha comido uma pequena preá. Normalmente, levaria algumas horas digerindo...
Já era noite e o silêncio dominava a chácara. Nem um grilo cricrilava... A estrada estava deserta e seca. O Ar? Parado! O coração dela acelerou e todo o seu corpo entrou em estado de alerta.
Sibile desceu o tronco de sua árvore, olhando, atentamente, para os lados. Por instinto, decidiu ir até o mato. Ao se aproximar da fonte, tudo estava escuro e quieto... A grande Naja Sofia continuava imóvel, diante do Oráculo, coberto de neve e esmeraldas: “O Homem teme aquilo que não domina.” A frase, com a grande sabedoria do oráculo, aparecia gravada na pedra.
Um eclipse escondia, momentaneamente, a lua. A cobrinha percebeu que nada poderia ser mais assombroso, surpreendente e fantástico, do que a experiência que estava tendo: Sibile era um ser dotado de vida.
Adroaldo passou correndo por ela: - Venha Sibile! O espetáculo já vai começar...
Está todo mundo esperando... Ele usava um manto vermelho e preto, imitando o seu couro e escondendo as patas. Com a voz séria e o olhar severo, o lagarto começou a contar inúmeras histórias de cobras célebres e anônimas que foi tirando, de dentro da arca. O povo riu, chorou, cantou, embraveceu, vaiou, aplaudiu e a noite foi passando... Quando tudo terminou o vento soprava, os sons eram os mesmos de sempre. Adroaldo recolocou, cuidadosamente, todos os pequenos papeis, dentro da Arca, e fechou a caixa.

Sibile tinha adorado tudo, mas esperava uma explicação... O lagarto olhou para ela e falou, como se lesse seus pensamentos: - Essa Arca? É velha... Muito velha...
De Tempos em Tempos alguém abre e solta as histórias. Afinal, quem conta um conto aumenta um ponto...!! Agora, as Fantásticas Histórias de Sibile estão lá... Perdidas! Ou, seriam Achadas???

Viamão, 30 de outubro de 2008.
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

28 de out. de 2008

Tobogã de Açúcar

Tobogã de Açúcar

Sibile passou um sufoco, tendo que fingir ser um enfeite no pacote do presente dos noivos. Para sua sorte a camareira deixou a porta do quarto aberta, ela aproveitou! Bebeu um pouco da água com açúcar que a noiva deixou sobre a mesa e saiu de fininho, um longo corredor levava até o elevador... Sibile olhou bem e preferiu as escadas... Não queria mais se meter em confusão.
A água com açúcar acalmava mesmo... Sibile estava se sentindo leve e tranqüila, subiu os degraus da escada até terminar. Passou por uma janela e chegou até um terraço fantástico. Já anoitecia e o pôr do sol era um espetáculo ao alcance de qualquer um. Sibile aproveitou a vista... Podia ver muito longe, mais do que de sua árvore. Via a serra a cidade e o mar. Pássaros voando e muita vida acontecendo.
Do terraço podia ver a agitação no salão, tudo estava impecavelmente organizado para esperar a chegada dos noivos. Sibile viu quando o carro estacionou e eles desceram, sob uma chuvinha de arroz. Logo em seguida os convidados começaram a chegar e o salão foi ficando cheio de vida... Música, comida, bebida e muita alegria!!! Um ritual muito legal - pensou a cobrinha - Oto dançou a noite toda com Catarina, que pegou o buquê da noiva.
Sibile adormeceu num cantinho e quando acordou a festa já havia terminado. Entrou pela mesma janela, que tinha só uma frestinha aberta, acabou caindo sobre o bolo dos noivos. Escorregou como se estivesse num tobogã de açúcar, achou tudo tão divertido que ficou horas brincando...
Mas, precisava dar um jeito de voltar para o carro do pai de Oto, se quisesse rever sua casa... Desceu as escadas, deixando uma trilha de merengue por onde passava. Seu corpo foi ficando pegajoso e assim que chegou no térreo viu uma fonte com água bem limpinha, não pensou duas vezes antes de mergulhar. Neste instante o sol já estava alto. Sibile ficou no jardim aguardando, logo o motorista trouxe o carro e enquanto Oto se despedia de Catarina, ela aproveitou e entrou pela porta.
Quando voltaram para a chácara a chuva tinha parado, Pinhão pastava solto e o caseiro tratava os cachorros. Sibile voltou com um monte de histórias para contar.


Viamão, 28 de outubro de 2008.
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

22 de out. de 2008

Enfeite

Enfeite.

Chovia e a cobrinha Sibile estava literalmente entocada! Não tinha nada para fazer. Nas chácaras, tudo estava calmo.
Sibile resolveu deixar a preguiça,de lado, e ir procurara algo para fazer. Viu que Oto e seu pai preparavam o carro para sair. O garoto abriu o porta-malas e colocou vários objetos dentro. Onde eles estariam indo?
Logo em seguida, a mãe dele entrou no carro e o caseiro acenou do galpão.
Sibile fechou a sua toca, ligou o alarme, um antigo chocalho de uma prima cascavel. Deixou um bilhete, para o lagarto Adroaldo, onde dizia: - Fui passear com a família de Oto! E esperou no topo da árvore. Quando o carro passou, pulou para dentro, entrando pela janela de trás, que estava aberta. Uma manobra um tanto arriscada, já que a mãe de Oto detestava cobras e nem fazia segredo disso!
Ficou quietinha, escondida entre vários Cd´s e uma bela caixa que havia, no chão do carro. Pena que as cobras são surdas, pensou Sibile, tinha vontade de ouvir as músicas, mas como era muito sensível, encostou a barriga no chão e ficou sentindo a vibração.
Em pouco tempo, chegaram a um lugar muito legal. A família toda desceu. Sibile estava pronta, para descer, quando entrou, no carro, um motorista. E agora? Um outro homem abriu o porta-malas e pegou tudo o que estava dentro. Sibile sentiu que ficaria presa no carro. Resolveu então entra na caixa. Para sua sorte, a embalagem era muito folgada!
A caixa foi colocada com as malas em um carinho. Só que no elevador, foi trocada de lugar. As malas seguiram o corredor e a caixa ficou junto com muitas outras, em uma outra, enorme onde estava escrito: Presentes dos Noivos.
Tudo foi tão rápido que, quando Sibile se deu conta, já estava na frente de uma jovem muito bonita, toda vestida de branco. Ela estava muito nervosa e, para se acalmar, resolveu abrir os presentes.
Adivinhem qual foi o primeiro que ela abriu?? – Isso mesmo! O presente da família de Oto. Sibile congelou de medo e de frio. Quando viu que a moça desembrulhava o pacote, colou o cartão na boca e ficou imóvel. A noiva deu um grito que todo o hotel ouviu. – Uma cobra!!! .
A camareira entrou correndo e disse: - Calma! É só um enfeite. Sibile nem piscava! Muito menos, respirava!
A noiva relaxou e soltou um longo suspiro. Um copo de água com açúcar foi servido para acalmá-la. Olhou o Cartão e disse: Só podia ser coisa do primo Oto. Na caixa, havia uma linda peça de prata, que ela adorou.
- Quer guardar o enfeite? Perguntou a camareira. Deixa aí, que depois eu vejo! - respondeu – Agora, estou pronta pra qualquer coisa, até meu nervosismo passou. Uma cobra! Disse rindo. No dia do meu casamento! Por essa peça eu não esperava...
Sibile desmaiou assim que as duas saíram. Vocês acham que terminou aqui??? Que nada! Amanhã eu conto o resto! Sibile precisa respirar.



Viamão, 22 de outubro de 2008

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Revisão: Angelita Soares

20 de out. de 2008

Dicas de Sibile

Dicas de Sibile para manter o couro.

A cobrinha Sibile estava muito preocupada com sua segurança. Também, né? Por pouco, que não virou uma bolsa de festa...! Pensando nisso, resolveu criar uma lista de precauções, para manter intacto seu lindo couro.

Daquele dia em diante, fixaria, na porta de sua toca, a seguinte lista de precauções:

1. Nunca falar com estranhos, mesmo que pareçam bonzinhos.

2. Sempre informar a alguém aonde vai e quando retorna.

3. Manter o celular ligado.

4. Ligar o alarme da toca, toda a vez que sair.

5. Em caso de seqüestro, manter a calma. Não reagir! Você é uma cobra e tem uma excelente mordida, mesmo assim tome muito cuidado.

6. Evitar lugares com pouco movimento.

7. Telefonar aos seus amigos, antes de visitá-los. Não chegar de surpresa.

8. Levar somente o necessário.

9. Evitar fazer sempre o mesmo caminho.

10. Ficar “ligado!” Se achar necessário, gritar e chamar a polícia.

Sibile gostou de fazer a lista; assim não relaxaria com sua segurança, já que não queria passar novamente por aquele sufoco. Só que o mais importante era lembrar como a vida era bonita e cheia de coisas boas...!!

Pensando nisso, resolveu sair, para caçar; seu estômago estava coladinho e precisava repor as energias. Avisou o lagarto Adroaldo que faria um passeio, até a fonte. Lá devia ter algo para comer... Depois, pretendia voltar para sua toca e dormir um bom sono reparador. Com o alarme ligado!



Viamão, 20 de outubro de 2008

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

11 de out. de 2008

O Lago dos Cisnes Negros – Uma releitura do Clássico






Oi Gente!


Este texto desenvolvi com a Turma da Tarde de Adolescentes da AFASO , bairro Bom Jesus,como parte de um trabalho voluntário.
No primeiro encontro, em 23/09/2008, trabalhamos o seguinte pensamento:

“Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor.”(Goethe)


Depois refletimos sobre o dia da árvore.

As fotos foram tiradas no Jardim Botânico de Porto Alegre,a primeira dia 23/09/2008 e as outras em 07/10/2008, por Gabriel.
Primeiro lemos um breve resumo da história do "Lago dos Cisnes",Tchaikovsky, depois fizemos esta releitura, criando uma história diferente, mas que tivesse os mesmos elementos, reinos, encantamentos e os cisnes.

Estavam no passeio: Alunos Alexandre Jr, Gilmar Oliveira Ferreira, Luciano da Silva Costa, Wagner Souza Mello, Aline Costa, Karine da Silva Rosa, Aline Rosa, Kely da Silva e Daiane dos Santos. Educador Gabriel. Presidente do Instituto Elluz Selani Becke e eu.

Muito obrigada a turminha e espero que vocês gostem do "resultado final".

Beijos,
Fernanda Blaya Figueiró

O Lago dos Cisnes Negros – Uma releitura do Clássico

Texto para dramaturgia.
Um roteiro de Fernanda Blaya Figueiró em co-autoria com os alunos da Turma da Tarde da Afaso.


Cenário: Colcha de retalhos azul para o lago, verde para o campo aberto. Caixas transformadas em pedras.
Ponte: Cordas presas com pedestais

Personagens

Tchai – A Tartaruga Sábia

Kow – O Rei Cisne Negro

Sky – A Rainha Cisne Negro

Tupi – O Lagarto Imperador

Téu Téu – Rei Quero- quero

Teon – Rainha Quero- quero

Primavera – Flor encantada que traz a estação.

Guerreira - Raio da Lua

Guerreiro - Raio do Sol



Sinopse: Em um lugar encantado do pequeno Planeta Terra reinam Kwo e Sky, os belos Cisnes Negros. A paz do reino é abalada por que o Lagarto Imperador, Tupi, atacou o Ninho dos reis, Teu Téu e Teon, sendo banido pelos guerreiros Raio da Lua e Raio do Sol. Ofendido Tupi aprisiona a Primavera. Os cisnes partem em busca de uma solução para o conflito.


1ª Cena – O Lago
A tartaruga entra caminhando lentamente. Para, olha para um lado, para o outro, estica o pescoço e diz:

Tchai
- Em um lindo e pequeno planeta chamado Terra, existe um lugar encantado: O lago dos Cisnes Negros. Suas águas são cobertas por marrequinhas, peixes, sapos, tartarugas e muitos outros animaizinhos e plantas. Ali reinam, com paz e sabedoria, Kwo e Sky, o mais belo casal de cisnes negros do planeta.

Entram os dois cisnes

Tchai
- Seu poder vem de uma força sobrenatural e intangível: o amor!

Kwo
- Tchai, sábia tartaruga, precisamos muito de seus conselhos...

Sky
- A paz do lago anda ameaçada. Os conflitos dos reinos vizinhos podem nos atingir.


Kwo
- Soubemos que Tupi, o Lagarto Imperador do Reino de Pedras, atacou o ninho dos quero-quero: Téu Téu e Teon, os Reis do Campo Aberto.

Sky
- Tememos que a discórdia entre eles afete nossa tranqüilidade. Conte-nos o que aconteceu.

Tchai
- Em uma tarde muito quente e ensolarada, Tupi invadiu o Campo Aberto, pretendia devorar os ovos do ninho, mas foi impedido pelos guerreiros Raio de Sol e Raio de Lua. Ele apenas seguia seus instintos e sentiu-se injustiçado. Ofendido aprisionou a bela Primavera, flor encantada que abre a nova estação. Nuvens tomaram conta do céu, um vento forte soprou sem cessar e os raios de sol e de lua enfraqueceram.
Um intenso frio não permitiu mais que a vida se renovasse.

Kwo
- Como podemos ajudar?

Tchai
- Libertando Primavera do feitiço que a prende...

Sky
- E como fazemos isso?

Tchai
- O feitiço só se quebrará quando Tupi aquecer seu coração.

Sky
- Os lagartos tem sangue frio...

Tchai
- E Tupi mais ainda, pois daquele dia em diante nunca mais tomou seu banho de sol.

Kwo
- Tudo na natureza é perfeito, sem a chegada da primavera haverá muito sofrimento. Hoje mesmo partiremos em direção ao Reino das Pedras.

Tchai
- Tomem muito cuidado, nobres soberanos, na travessia do Campo Aberto. Téu Téu e Teon ainda não perdoaram Tupi. Eles atacam qualquer ser que se aproxime de seu ninho, com terríveis vôos rasantes. Há quem diga que viraram os guardiões da vida e da morte.

Kwo

- Tchai! Não esqueça de nunca permitir que a ponte seja cruzada por qualquer ser que pense em destruição. Isso seria o fim da alegria que hoje reina entre nós.


Os cisnes deslizam pelo lago, a tartaruga caminha lentamente, olhando para todos os lados.

Tchai fica na ponte observando. Os cisnes saem do lago.

Tchai
- E assim partiram Kwo e Sky, em busca da harmonia perdida. Todos no lago ficaram apreensivos, mas tomaram muito cuidado para que seus pensamentos não fossem contaminados pelo medo. Sabiam que em breve eles retornariam trazendo uma boa notícia.
Tchai se encolhe, como se tivesse dentro do casco, depois sai disfarçadamente.

2ª Cena – O Campo Aberto

Kwo e Sky encontram com os guerreiros

Kwo
- Guerreiro Raio de Sol, procuramos por Tupi, o Lagarto Imperador.

Raio de Sol (fazendo uma reverência)
- Kow, Rei do Lago dos Cisnes Negros, lastimo informar que Tupi encontra-se exilado no Reino das Pedras, tendo como sua prisioneira Primavera...

Sky

- A sábia tartaruga Tchai nos contou como tudo aconteceu... Resolvemos procurar por ele, para libertar Primavera.

Raio de Lua
- Nós agimos com imparcialidade, os raios do Sol e da Lua são os mesmos para todos os seres vivos. O que afugentou Tupi foi o reflexo de nossos raios no pequeno espelho que havia no chão, nele viu refletido o seu interior.

Kwo
- Teu Téu e Teon nos permitiriam atravessar o Campo Aberto?

Raio de Sol
- Podemos partir na frente e indagar a eles. A nova estação precisa chegar.

Raio de Lua
- Nobre soberano e a ponte? Como ficará sem a sua presença?

Sky
- Tchai ficou de proteger a ponte, ninguém se atreverá a desobedecer a sábia tartaruga.

Raio de Lua
- Peço sua permissão para ir até o lago e ficar com ela. São muitos os perigos que os pensamentos destrutivos podem trazer para o mundo...

Kwo
- Tens minha permissão, Raio de Lua. Agora vamos! Cada minuto perdido é uma parte da vida que deixa de se renovar.

Raio de lua sai de cena. Kwo, Sky andam vagarosamente e raio de sol parte na frente deles. Logo em seguida Raio de Sol encontra os quero-queros, aqui teremos cinco personagens em cena, mas a atenção tem que se voltar para Raio de Sol, Kow w Sky podem andar em círculo no limite da colcha de retalhos.

Raio de Sol
- Téu Téu !Teon ! Venho em missão de Paz!

Téu Téu
- Aproxime-se!

Teon
- Guerreiro Raio de Sol, seja bem vindo ao Campo Aberto.

Raio de Sol
- Kow e Sky, preocupados com o seqüestro de Primavera pedem permissão para atravessar o Campo Aberto. Pretendem convencer Tupi a libertá-la.

Téu Téu
-Que sejam bem vindos. Mas, e a ponte?

Raio de Sol
- A ponte ficou protegida por Tchai. Raio de Lua foi ajudá-la.

Teon
- O Campo Aberto está secando, em pouco tempo não mais teremos alimentos. Tupi sabia que não deveria atacar nosso ninho.

Raio de Sol
- Kwo e Sky buscam o equilíbrio...

Téu Téu
- Raio de Sol, retorne e informe a eles que tem nosso apoio. Podem cruzar o campo e se precisar podem contar com nossa ajuda. Não queremos mal a Tupi, apenas vamos continuar defendendo nossos filhotes.

Raio de Sol
- Obrigado!

Raio de sol retorna, os quero-queros saem de cena. Os três personagens atravessam a colcha chegando ao Reino de Pedras.

3ª Cena – O Reino de Pedras
Os três personagens param e olham para as pedras.

Sky
- Que lugar lindo!

Kwo
- Raio de Sol, você consegue atravessar os espinhos dos cactos e chamar Tupi?

Raio de Sol
- Há muitas sombras aqui... Prefiro me afastar

Raio de Sol sai de cena.

Sky
- Eu colhi frutas frescas para oferecer a ele...

Kow
- Tupi!... Tupi!... Precisamos falar com você... Apareça!

Depois de um breve silêncio o lagarto sai de trás das pedras. Caminha desconfiado, olhando para os lados e colocando a língua para fora.( tem um dos meninos que imita igualzinho)

Kow
- Caro Imperador! Viemos em missão de Paz...

Tupi
- Sei!... Missão de Paz... Sei!... Que conversa fiada... ( bate os dedos numa pedra)... Kow, Sky, os Reis queridinhos de todo mundo!... Missão de Paz... E essas frutas? Vocês acham que o Grande Imperador é bobo?

Sky
- Não! São uma oferenda, um sinal de amizade. De respeito.

Tupi pega uma fruta.

Tupi
- Amizade! Sei... Cês tão é tudo com medo... Eu estou côa Primavera!... Uma chata, por sinal, passa choramingando. ( para o público).

São ouvidos soluços e um chorinho.

Sky
- Precisamos que a Primavera chegue... Restabelecendo a harmonia... Se não, todos nó morreremos, até você.

Tupi
- Sei!... Nem o cacto tem flores mais... Ultimamente tenho passado fome, olha como to magrinho... De mim ninguém tem pena... E ando passando um frio... Bruuuuuuum, muito frio.

Kow
- O que você quer para soltar a Primavera?

Tupi
- Quero?? – Deixa pensar??... Que os raios do sol voltem a me aquecer.

Sky
- Providenciaremos isso. Mas, você vai prometer que não vai mais atacar o ninho dos quero quero.

Tupi
- Não mesmo, eles que cuidem de seu ninho... Eu não vou prometer coisa que não posso cumprir.

Kow
- É justo! De hoje em diante os quero-quero cuidam de seu ninho. Você toma seu banho de sol todos os dias e a primavera retorna.

Tupi
- Combinado... Mas, e a ponte??

Sky
- Tchai ficou guardando a ponte, com a ajuda de Raio de Lua.

Entra a Primavera está muito triste, mas aos poucos começa a sorrir e de uma cesta retira pétalas de flores que joga nas pedras.

Tupi
- Vai! Vai! Não agüento mais choramingos... Vou ficar aqui tomando meu banho de sol.

Raio de sol retorna e fica com Tupi. Kow, Sky e Primavera voltam pelo campo aberto , passam por Téu Téu e Teon retornando ao lago.



4ª Cena – A ponte

Kow, Sky e a Primavera chegam ao lago.

Kow
- Tchai, Sábia Tartaruga, onde você está? Raio de Lua apareça!

Sky
- Kow, olhe o lago! A água quase secou...

Primavera solta pétalas no lago.

Kow
- Tchai!!!

A tartaruga entra olha para os lados e diz

Tchai
- Tudo ia muito bem, até que um único pensamento destrutivo conseguiu atravessar a ponte. Foi horrível! Nele a Terra estava incandescente, um grande incêndio acontecia... Usamos parte da água do lago para apagar o fogo.

Sky
- Onde está Raio de Lua?

Tchai
- Raio de Lua expulsou este pensamento para o outro lado da ponte, só que ficou presa lá. Logo em seguida sentimos a chegada da Primavera, a alegria voltou. Mas, Raio de Lua não voltou mais.

Kow
- Nunca esqueceremos de Raio de Lua e nunca mais deixaremos o lago.

A primavera solta pétalas na ponte.

Sky
- Olhem! As águas voltaram e nelas há uma imagem refletida.

Kwo
- Raio da Lua!

Tchai ( olhando para o público)

- Deste dia em diante, Raio de Sol e Raio de Lua nunca mais se encontraram. Um foi habitar o Dia e o outro a Noite. E a ponte ainda existe ligando os dois lados e impedindo que os pensamentos destrutivos cheguem até a Terra.

Fim

6 de out. de 2008

A Cobra Fumou!

A Cobra Fumou!



A cobrinha Sibile estava doida da vida, por muito pouco, não virou uma bolsa de festa!É isso mesmo que vocês ouviram! Pois é! Ela vinha pela estrada, de madrugada, sem incomodar ninguém, quando viu uma enorme caminhonete vindo, a toda a velocidade, na sua direção. Não teve nem tempo de se esconder...!!

De dentro do carro, saíram um garoto e uma garota. Sibile ficou no meio da estrada, usando a velha tática de fingir que estava morta. Eles chegaram bem perto e começaram a cutucá-la com uma vareta, ela agüentou firme, sem se mexer. O garoto voltou, para pegar um saco, dentro do carro, e a garota ficou ali, de olho nela... Enquanto isso, eles falavam bem alto, para todo mundo ouvir, que ganhariam uma nota preta, fazendo uma bolsa com o couro de Sibile.

O seqüestro foi muito rápido, colocaram Sibile no saco e jogaram no chão do banco do motorista. Ela era forte e ficou quietinha, esperando a melhor hora, para salvar seu couro. Os dois riam e faziam planos de como gastariam o dinheiro, enquanto corriam feitos loucos.

O garoto acelerou, mesmo! Quando Sibile sentiu que ele ia usar o freio deu um bote em sua perna, sem dó, nem piedade... Os dois viram foi um muro e bem de perto!! A caminhonete explodiu, logo em seguida, largando uma fumaceira. Sibile escapou sã e salva, voando pelo vidro!

De longe, viu os bombeiros ajudando os dois patetas, que choravam, como crianças, e tentavam explicar o que havia acontecido.

- A cobra!! Foi a cobra... – Eles diziam. Mas, os bombeiros não pareciam acreditar muito

Também, quem mandou ficar cutucando cobra? Depois daquela noite, ninguém mais se atreveu a cruzar seu caminho. Sibile não tinha veneno, mas sabia se defender.

Na chácara, o boato que se espalhou foi de que a cobra tinha fumado cachimbo. O que era uma grande bobagem, já que Sibile sabia que o fumo era um veneno.

Bolsa de festa... Imagina!!!



Viamão, 06 de outubro de 2008.

Fernanda Blaya Figueiró

29 de set. de 2008

Oráculo

Oráculo


Na manhã seguinte ao show, a mesma equipe de homens veio desmontar o palco. Sibile ainda estava exausta, o silêncio foi rompido pelo barulho da jamanta que chegava. A cobrinha, que era muito curiosa, resolveu ir ver, de perto, o local onde o Deus do Rock havia estado, pessoalmente.

O campo estava coberto de copos, papéis e restos de comida. Sibile deslizou por aquela sujeira toda, aproximando-se, com cuidado.Subiu a enorme montanha de ferro e chegou, até o palco, só que não havia nenhum vestígio do Deus.

Da jamanta, desceram os mesmos trabalhadores do dia anterior. Sibile achou que estava segura, pois imaginou que eles recolheriam o lixo. Só que eles começaram, imediatamente, a desmontar a grande armação. Ela estava bem no meio do palco, sem ter como se esconder.

- Uma cobra! – Gritou um dos homens – Mata! Mata!

- Cuidado! – Disse um outro – É uma coral e verdadeira...

Todos os trabalhadores resolveram se armar e investir contra Sibile... Para sua sorte, o palco desabou, com o peso deles. Sibile foi jogada para longe e bateu a cabeça, perdendo os sentidos.

Acordou horas mais tarde, com a visão turva e o corpo dolorido.Estava no meio do mato. Havia anoitecido e a luz da lua iluminava uma grande fonte esculpida em pedra. Da boca de um poderoso oráculo, corria um filete de água pura.

- A Fonte da Sabedoria! – exclamou Sibile.

No outro lado, estava esculpida a figura da rainha das cobras, a Naja Sofia.

Sibile endireitou o corpo, baixou os olhos e bebeu um pouco da água sagrada, purificando o espírito. A escultura contava a história do encontro de Sofia com o grande oráculo.

Segundo a lenda, tudo aconteceu nas montanhas geladas da Índia.Cansada de viver com um encantador de serpentes, a grande Naja subiu o pico mais alto, em busca de resposta as sua angustias. Na reclusão, encontrou a magnífica escultura de um oráculo coberto de neve e esmeraldas. Ao aproximar-se,sentiu, vindo das entranhas da terra, a força do oráculo.

– Quem ousa se aproximar da Fonte da Sabedoria?

Sofia não respondeu, demonstrando respeito. Em seguida, ergueu o corpo e a cabeça, em sinal de força e coragem. Fitou os olhos do oráculo, como fazia com o encantador de serpentes, demonstrando superioridade.

– O que desejas saber! Oh, grande Naja! – Indagou o Oráculo. – Porque os homens não gostam das cobras? – Respondeu, ela, imediatamente. O oráculo silenciou, por alguns instantes, e logo projetou, na neve, uma sucessão de imagens: Eva, Agar, encantadores de serpentes, navegadores assustados, adoradores e adorados. Cobras e serpentes de todos os tempos. – O Homem teme aquilo que não domina. – Explicou o grande oráculo. Uma nevasca cobriu tudo e Sofia retornou, para contar ao mundo o que descobriu. O segredo foi transmitido de geração para geração, chegando a Sibile.

A cobrinha retornou, tranquilamente, para sua árvore; não precisava temer os homens e nem idolatrar seu Deus do Rock.



Viamão, 29 de setembro de 2008.

Fernanda Blaya Figueiró

28 de set. de 2008

Será que era??

Será que era ??

Sibile estava comodamente instalada, em sua árvore, quando sentiu um estrondo...!! Curiosa, espiou, com cuidado, e, para sua surpresa, um enorme palco estava sendo descarregado, do interior de uma jamanta.Isso mesmo! Um palco! Armações de ferro, tablado de madeira e toldo de lona...!!

- Ora, vejam só! _A cobrinha pensou. – O que será que está acontecendo?

O dia prometia ser movimentado. O lagarto Adroaldo interrompeu, correndo, seu habitual banho de sol. Na correria, passou por ela e comentou:

- Sibile!_Chamou baixinho_ Ouvi comentários de que vai vir um montão de gente para cá... Para um show!

- Um show? De música?

O lagarto olhou para ela, sem entender a pergunta.

- Não sei se é de música, mas precisamos sair daqui. Urgente!

Adroaldo era um pouco alarmista; ficou falando sobre os carros chegando, as pessoas construindo barracas, estendendo panos no chão e pisando em tudo.. Algo meio parecido com o “Apocalipse da estrada”. Para Sibile, um negócio sem muito sentido.

- Nunca acontece nada, aqui _Ponderou ela_Não vou sair de casa; quero ver tudinho... !

- Ah! Sei! – Respondeu o lagarto – Depois, não vai ficar aí bancando a serpente mal entendida. Eu tô sumindo, tchau! Mania que vocês cobras tem de se meter com gente...

Adroaldo saiu, resmungando, e com ele, foram os pássaros, as borboletas, os coelhos e_ até_ as aranhas. Sibile ficou bem quietinha! Não perderia aquilo, por nada do mundo!

Vários trabalhadores começaram uma barulheira danada. Sibile não conseguia dormir. Os homens discutiam, soltavam gargalhadas e comiam... Muitas latas de refrigerante. Algum tempo depois, o palco estava pronto, com iluminação, enormes caixas de som e dois telões.

De uma hora para outra, tudo aquilo que Adroaldo falou, aconteceu...À frente do palco ficou tomada de gente. E, pelo jeito, de várias tribos! Uns usavam cabelos coloridos, outros não usavam cabelos, uns tinham tatuagens, outros ferros nos dentes.

Churrasco de gato, maça doce, tapioca e cachorro quente pareciam se misturar no vento. Era tanta gente fumando, comendo, bebendo, que Sibile chegou a enjoar. Mas ficou firme em seu posto!

Em pouco tempo, não havia mais lugar para uma mosca, de tão cheio que o campo ficou.

A noite já ia longe, quando um estranho silêncio tomou conta do ar. As luzes iluminaram, só o centro do palco; todos ficaram imóveis, como que hipnotizados, esperando algo.

Sibile prendeu a respiração, fixou o olhar, no centro do palco. Uma fumaça branca começou a aparecer, a cortina subia lentamente, até que uma guitarra rompeu o silencio e levou o público á loucura. Sem saber por que, Sibile gritava junto com a multidão, que pulava, freneticamente, sacudindo a cabeça para frente e para trás...

- Que energia! Que vibração!

Sibile estava tomada por um tipo de torpor... Mas, estava contente, mesmo assim.

O show levou muito menos tempo, do que toda a preparação...

Assim que as luzes se apagaram, todos foram embora, deixando o chão imundo e pisoteado.

Sibile estava exausta! Uma frase que foi repetida várias vezes retumbava em sua mente: - O Deus do Rock!

Sibile era uma serpente de sorte!Enfim, havia conhecido Deus! Um carinha bem legal, pensou.


Viamão, 28 de setembro de 2008
Fernanda Blaya Figueiró

Revisado por Angelita Soares

20 de set. de 2008

Cavalgada de Vinte de Setembro!!!




Cavalgada de Vinte de Setembro!!!


Vinte de Setembro. Todos na chácara acordaram cedo, um lindo sol brindava os gaúchos. Oto usava pilcha completa, uma roupa típica do povo gaúcho, que inclui: botas, bombachas, camisa, lenço da cor partidária e chapéu. Pinhão estava com sua melhor montaria, o pêlo bem escovado e as crinas aparadas. Os dois participariam do Desfile Farroupilha, uma homenagem do povo gaúcho aos revolucionários que lutaram durante dez anos pelos ideais de: Liberdade, Igualdade e Humanidade.
Sibile acompanhou todo o movimento de sua árvore, antes das sete horas já haviam vários cavaleiros reunidos, todos bem trajados e orgulhosos. Oto e Pinhão partiram na frente do grupo levando a bandeira do Rio Grande do Sul.
Catarina estava no grupo, montando a égua Bolinha, uma das filhas de Pinhão. Sibile adorou o vestido que ela usava, era verde escuro, bordado com uma renda branca muito delicada. O encanto que Catarina exercia sobre Oto era visível, e, correspondido.
Quando passaram por sua árvore a cobrinha não agüentou e sacudiu os jasmins-dos-poetas,que cresciam junto ao tronco, perfumando o ar e criando uma providencial chuvinha de flores... Catarina sorriu e Oto percebendo colheu as flores para ela. Bolinha se aproximou do pai e o jovem casal liderou a cavalgada.
Depois tudo voltou a calma e o dia prometia ser longo e feliz... Sibile aproveitou o silencio para dormir mais um pouquinho... Como será que era viver naquele tempo??? Sua árvore devia saber, já que era muito antiga...
A cobrinha sonhou com os guerreiros, as batalhas, mas acordou satisfeita com a Paz. E, com o som do violão e da gaita.
A chácara estava em festa: chimarrão, carreteiro, churrasco, saladas e mandioca. Como sobremesa cucas, compotas e muitos doces.
- Viva o Vinte de Setembro!!
- Viva!!
Sibile comemorou comendo uma perdiz... Pinhão, bolinha e os outros animais acompanharam tudo atentamente.A vida fluía com paz e tranqüilidade.



Viamão, 20 de setembro de 2008

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

15 de set. de 2008

O sapato furado

Oi Gente!!

Este texto desenvolvi para uma contação de histórias.

Não é com a sibile, mas como é um conto infantil vou publicar aqui.

Boa leitura!

Fernanda Blaya Figueiró

O sapato furado.

Sapato é uma mistura de sapo com pato? Não!Nada disso! Sapatos são coisas que as pessoas usam para proteger os pés.
O sapato da nossa história não tinha nada de especial. Era feito de couro de vaca, tinha solado e palmilha de borracha e cordinhas de amarrar. Ah! Era do tamanho 22, para meninos pequenos.
Como era muito bonito, ficou pouco tempo na prateleira...! Daniela passou pela loja e ficou encantada com ele, comprou para seu filhinho, Bruno, usar, no dia de seu aniversário. O garoto adorou o presente. Usou, na sua festa. Usou, para ir à escola. Usou, para jogar bola. Usou, para andar de bicicleta. Usou tanto, mas tanto, que o sapato acabou furando, bem na pontinha do dedão...!!
Daniela, então, comprou um novo sapato para Bruno, já que aquele não servia mais. E colocou o sapato furado bem arrumado no lixo reciclado.
Naquela mesma tarde, passou por lá, uma moça chamada Carlinda, ela olhou bem para o sapato e lembrou do Vitor, um menino que morava, ao lado de sua casa, e que precisava de sapatos. Inicialmente, ela pensou em levar o sapato, mas ficou com medo que ele não gostasse e desistiu. Já tinha andado uma quadra inteira, quando resolveu voltar e pegar a caixinha.
Chegando em casa, Carlinda não sabia como fazer para entregar para Vítor o sapato...!Por que estava furado. Será que ele não vai ficar chateado? Pensou.
A primeira coisa que ela fez foi limpar bem o sapato e recolocar na caixinha. Depois, colocou uma água, para esquentar para tomar um chimarrão. Fazia muito frio, naquele dia. Estourou uma bacia de pipocas e foi para o quintal, olhar o sol se pôr.
Neste instante, o Vitor chegou, na porta de sua casa. Carlinda, que não era gulosa, ofereceu pipocas para o menino. Ele, que como toda a criança adorava pipocas, aceitou.
O sol tingia as nuvens brancas de um rosa, meio alaranjado. Vítor estava com o nariz escorrendo, por causa do frio, mesmo assim, seu sorriso era muito meigo e seus olhos brilhavam, olhando as nuvens. Ele adorava brincar com o formato das pipocas.
- Olha, Carlinda! – Essa parece um coelho!... E essa! Parece uma flor.
Os dois ficaram brincando, com o formato do milho estourado. Até que uma pipoca caiu, perto da caixinha do sapato. Vitor foi juntar e acabou virando a caixinha. O sapato caiu e ele perguntou para Carlinda de quem era aquele sapato, já que na casa dela não tinha nenhuma criança.
- Esse é um sapato sem dono. – Ela respondeu, um pouco sem graça – Alguém o deixou nessa caixinha.Você acredita?
Vitor não teve a menor dúvida, calçou os sapatos, na mesma hora. Serviram direitinho.
- Tem até ventilador para o dedão! Se não tem dono posso ficar com ele?
- Pode! – respondeu Carlinda – Se sua mãe deixar.
O sol saiu e a noite veio. Vitor deu um beijão em Carlinda, chamou a sua mãe e pediu para ficar com o sapato. Ela não deu muito ouvido pro menino. Quem cala...? Consente!
No outro dia, ele foi brincar, na pracinha, muito faceiro, e usando o sapato que, antes, era sem dono. Chegando lá, encontrou seu melhor amigo que brincava de construir castelos.
- Oi, Vitor – Ele disse – Vamos fazer um mundo novo?
Vitor ficou super curioso.
- Um mundo novo? Como assim? Mundo novo??
Mesmo sem entender direito, ele gostou da idéia. Os dois construíram um grande castelo com a areia da praça. Deu muito trabalho, mas ficou muito bonito.
- Como vai se chamar nosso mundo?? – perguntou o menino.
Vitor pensou bem e olhando para o sapato com ventilador para o dedão, respondeu:
- Um mundo sem dono!!
Bruno adorou a idéia de Vitor e os dois amigos brincaram, juntos, a tarde toda...!


Viamão, 14 de setembro de 2008

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

O amor é mesmo lindo!!

O amor é mesmo lindo!!
A cobrinha Sibile conseguiu voltar, sã e salva, para sua casa. Problemas! Quando retornou, havia uma aranha, alojada em sua toca, só que ela foi muito esperta e deu no pé, ou melhor, pegou o primeiro fio e sumiu, assim que Sibile se aproximou..
Pinhão voltou, por cima da carne seca;foi tão bem no torneio que ganhou uma medalha...! Todos os cavalos e animais da redondeza passaram a admirá-lo, cada vez mais.
É bom ter o reconhecimento dos humanos, pensou Sibile. As competições esportivas e artísticas ajudavam muito a aprimorar a sociedade. As cobras acompanham as pessoas, há muito tempo, como todos os outros animais e plantas, e essa parceria modificava a forma de vida das pessoas e dos animais e plantas. Para ela, o sentido da vida era viver e aprender.
Oto trouxe Pinhão para descansar, próximo a casa de Sibile. Ela, como já sabia que não deveria falar com cavalos, ficou quietinha, em seu canto, só ouvindo a conversa dos dois.
- E aí, campeão!! – Disse, orgulhoso, o garoto – Hoje, vou te soltar um pouco, você merece!
O cavalo balançou a cabeça, em sinal de orgulho,;Oto era seu melhor amigo e isso não tinha preço. O garoto soltou o buçal e largou no chão. Pinhão estava solto, podia correr e brincar, mas, antes, encostou a cabeça no ombro do amigo.
- Obrigado!! – Disse Oto – Agora, aproveita e vai correr um pouco.
Pinhão bateu com as patas no chão, empinou levemente o corpo e saiu a galope, pelo campo. Oto sentou encostado no tronco da árvore.
- Vai lá, Pinhão!...
Oto brincava com uma pedrinha e falava sozinho, Sibile notou que algo nele estava diferente, como se houvesse um brilho nos seus olhos.
- Catarina!!! Será que ela vai aceitar meu convite?
Pinhão corria, pulava, brincava, enquanto Oto sonhava acordado.
Catarina, pensou Sibile, estou encrencada...! Desde Eva, que as cobras eram vistas, como más conselheiras. Preciso manter a boca fechada. Ainda bem, que não moro, em uma macieira,pensou aliviada. Oto estava no paraíso...!


Viamão, 13 de setembro de 2008
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

5 de set. de 2008

Animais peçonhentos??

Animais peçonhentos??



A cobrinha Sibile estava encrencada, mesmo! Sem querer, tinha ido parar no Parque de Exposições de Esteio, onde acontecia a famosa feira, Expointer. Assim que desceu do caminhão, onde estava Pinhão, o cavalo crioulo que morava próximo a sua casa, já se meteu em uma enorme confusão.

Sibile desceu, perto das patas de um outro cavalo, que empinou o corpo, assim que a viu e saiu em disparada, correndo pelo parque. Enquanto isso vários peões, armados de facas, esporas e canivetes, correram para capturá-la. Por sorte, encontrou uma fenda em uma das paredes e foi parar, dentro de um galpão...!!

Catarina, uma jovem que estava toda vestida de branco, fazia a inspeção sanitária dos galpões. Ela viu Sibile e os peões chegando, alvoroçados. Sibile entrou, disfarçadamente, em uma maletinha, cheia de frascos. A garota fingiu que não viu e acabou salvando sua pele... !

Só que aquele não era um lugar seguro, para uma cobra, então, Catarina levou nossa amiguinha, para o local, onde estavam os animais peçonhentos. Sibile, inicialmente, ficou super chateada, afinal quantas vezes teria que dizer que não tinha veneno?!

Acabou passando a exposição inteira, dentro de uma caixa, pode??? Tudo bem! A comida era boa, tinha bastante água e muita música. As pessoas passavam e olhavam admiradas para ela. Só não gostou da plaqueta de identificação: Falsa Coral. E dali,para onde seria levada???

Precisava achar um jeito de voltar, junto com Pinhão e Oto. Para sua sorte, os dois foram muito bem, na prova do Freio de Ouro e ficariam, no parque, até o último dia: 07 de setembro.

Independência ou Morte! A cobrinha precisava achar uma forma de sair da caixa e voltar para o caminhão. A celebre frase de Dom Pedro I serviria de inspiração, para sua vontade de voltar a ser livre.

Uma noite percebeu que Oto passava, na volta daquele corredor. Espichava os olhos, abria um sorriso meio envergonhado e parecia nas nuvens quando Catarina se aproximava.

Sibile sentiu que precisava chamar sua atenção! Será que ele a reconheceria?

Pensou muito e resolveu fingir-se de doente. Começou a pular e se retorcer, fingindo que tinha dor de barriga. Catarina caiu direitinho na sua conversa. Mas, chamou foi um veterinário, para examiná-la. E agora?

Oto estava perto, quando abriram à tampa da caixa e a recolheram. Percebeu de cara que era Sibile, e perguntou:

- Essa coral é falsa??

- Sim! –Respondeu, amavelmente, Catarina. Nós a achamos no galpão dos cavalos crioulos; estava fazendo a maior bagunça.

Oto aproveitou a oportunidade, para se aproximar da garota. E Sibile? Estava em apuros. O veterinário estava pronto para sedá-la, com uma agulha enorme, cheia de um líquido viscoso.

Oto imaginou que ela fazia fita e perguntou, inocentemente.

- Ela não parece melhor??

Sibile demonstrou calma e tranqüilidade... Ficando livre da injeção! Só que voltando para a caixa. Porém, a tampa ficou, levemente, solta...

Que alívio!!!

Sibile esperou todo mundo dormir e fugiu... Entrou no caminhão, em que Oto dormia e, de lá, só sairia, quando voltasse, para o sossego de sua casa, na árvore oca.

Definitivamente, a vida de “estrela”não era para ela!!







Viamão, 04 de setembro de 2008.

Autoria Fernanda Blaya Figueiró

Revisado por Angelia Soares

26 de ago. de 2008

Que encrenca!

Que encrenca!

Sol! Calor e céu limpo, sem nenhuma nuvem. Sibile estava louca para passear; o campo estava repleto de pequenas flores e o pasto tinha crescido, depois da chuvarada, como um pão cheio de fermento...!

A forte chuva, da semana anterior, havia formado um valão, entre o chão e o asfalto, bem perto da árvore, em que a cobrinha morava, fazendo com que os carros desviassem. Sibile não estava gostando muito das manobras, então, subiu pelo tronco até a copa da árvore, para ver, melhor, o movimento. Estava sem fome, pois havia comido um camundongo. Não era ,exatamente, seu prato preferido, mas foi o que conseguiu caçar, durante a noite.

Quando chegou no topo da árvore, um caminhão de carga fez uma manobra radical, para desviar do buraco, sacudindo a árvore. Sibile acabou caindo, dentro do caminhão...!Adivinhem quem estava lá??? Oto e Pinhão! Por sorte, ela caiu num cantinho cheio de serragem, ficou a poucos centímetros das potentes patas de Pinhão.E, para sua sorte, ele usava alguma coisa, tapando os olhos e Oto conversava, com ele, de uma janelinha que ligava a parte da frente e a de trás do caminhão.

- Então, campeão! Tudo bem, ai?- Perguntou sorrindo – Calma, que foi só um buraco na estrada...

Pinhão ficou quieto, logo, em seguida, disse baixinho: - Será que esse parque de exposições fica longe... Detesto viajar! - Esse ano, o Freio de Ouro vai ser meu, de Oto, eu tô sentindo...!!

Sibile gelou! Parque de exposições, viagem, Freio de Ouro. Onde estaria indo? Como voltaria para casa? Tenho que anotar a placa deste negócio, assim que descer, senão_ adeus, minha casa! Pensou.

Viamão, 26 de agosto de dois mil e oito.
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Este texto foi revisado por Angelita Soares

www.noreinodelandria.blogspot.com

19 de ago. de 2008

Verdadeira! Falsa!

Oi, gente!

Mais uma aventura de Sibile!

Boa leitura!

Fernanda

Verdadeira!Falsa!

Chovia! Chovia! Chovia!
Sibile, a cobra mais legal do mundo, estava cansada de tanta chuva...! Todos os animais sabiam o quanto a chuva era importante, para a manutenção da vida. Então, o jeito mesmo era achar coisas bacanas para fazer.
Ela aproveitou, que quase não tinha movimento na estrada, para andar um pouquinho pela vizinhança. Resolveu visitar Pinhão, o cavalinho crioulo que, no dia anterior, tinha sido preso, perto de sua casa.
Deslizou até a baia; a casa de Pinhão ficava dentro de um galpão enorme...! Sibile espiou, bastante, antes de entrar, já que aquele lugar parecia assustador...! Subiu, pelo cantinho da parede, para observar bem. O menino, que havia prendido Pinhão, estava sentado, perto da janela, olhando para a rua e parecia entediado... De longe, veio um grito que chamou sua atenção
- Oto! – Uma mulher entrou, trazendo um prato coberto, com um paninho - Vem lanchar... Fiz bolinhos...
- Já vou mãe! – Ele respondeu, levantando-se. –Hum, bolinhos!
Sibile estava pendurada na janela. A mãe do menino virou e deu de cara com ela.
- Oto! Olha uma cobra... Socorro!!!- A mulher saiu correndo e gritando. Não se mexa! Vou pegar o facão e já volto. Não chega perto; é uma coral e verdadeira... Verdadeira.
Sibile ficou congelada de medo. Sabia que vinha chumbo grosso pro seu lado.. Pinhão entrou em pânico, dentro da baia, e o galpão virou a maior confusão!
Oto não tinha medo e foi olhar de perto
-Oh!oh! – Sibile viu que estava encrencada. Usou a velha tática de fingir que estava morta. Ficou parada, sem respirar. Oto era esperto e, logo, notou que ela estava viva.
- Ok, cobrinha! Você tem poucas chances!. – Disse, olhando bem em seus olhos – Aproveite e vá embora...Não quero que ela mate você...
Sibile viu, no olhar do menino, que podia confiar nele, abandonou a velha tática e relaxou. Oto pegou um graveto e jogou-a bem longe. Sibile aproveitou, para voltar, voando, para casa. Só que, no meio da confusão, acabou mudando de pele!
Quando a mãe de Oto voltou, armada de facão, vassoura, botas e luvas; ela só encontrou o couro abandonado de Sibile.
- Calma mãe! – É só um pedaço do couro de uma cobra...
Ela respirou aliviada. Sentou no banco e ficou resmungando
- Mas parecia que tava viva! Imagina! Uma coral verdadeira. Isso é um perigo.
- Não sei! Pelo que eu estudei, acho que era uma cobra falsa – Disse o menino tentando acalmar a mãe.
Oto sabia que sua mãe tinha um pouco de razão. Mas também sabia que as cobras só atacam, quando se sentem ameaçadas. Resolveu recolher o couro, para descobrir se Sibile era mesmo uma coral verdadeira ou se era falsa.
- Acho que era falsa! Concluiu.
- Que nada ! – Retrucou sua mãe, enquanto comia um bolinho atrás do outro. – Era verdadeira.
Sibile decidiu que chegava de tentativas de aproximação com Pinhão! Para sua sorte, o lagarto Adroaldo estava escondido da chuva e não viu nada.
Agora, puxa, ficar dizendo que eu sou falsa...! Não gostei, não! – Pensou emburrada. Ora falsa... Eu sou cobra, sim. Só não tenho veneno. Mas paciência tem limite...!Falsa!!! – Resmungou, chateada, olhando para chuva que não parava de cair.

Viamão, 18 de agosto de 2008.

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisado por Angelita Soares

15 de ago. de 2008

Uma amiga de sibile

Oi!

Esta é a foto de uma cobrinha igual a nossa personagem!

Beijos,
Fernanda

A Serpente Amiga

Bom dia!

Hoje inicia uma nova etapa do blog, com novos personagens e muita aventura.

Boa leitura
Fernanda



A serpente amiga.

Sibile, um filhotinho de cobra coral, morava no tronco oco de uma velha árvore que ficava perto de um mato, uma estrada e algumas casas.
Durante o dia costumava ficar escondidinha e a noite saía para passear e caçar. As cobras tinham poucos amigos, já que as pessoas não gostavam delas, uma verdadeira injustiça, e os outros animais tinham medo, por que algumas cobras tinham veneno. Sibile era muito bonita! Seu corpo era todo desenhado nas cores: vermelho, preto e branco. Ela não era muito grande e: - “Não tinha veneno!”
Um dia estava tirando uma sonequinha e um barulho chamou sua atenção. Com muito cuidado resolveu olhar o que era. Encrenca! pensou. Um menino havia prendido, em um dos galhos de sua casa, um cavalo crioulo. Cavalos morrem de medo das cobras!
Sibile não sabia o que fazer, estava a poucos metros dele. O menino amarrou tanto a corda, que ele nem conseguia comer. Ela queria ajudar, mas não sabia como. Pensou que se falasse com o cavalo seria a maior confusão do mundo... Resolveu então fingir que era a árvore.
- Olá! – disse de dentro do tronco – Como você se chama?
O cavalo olhou para um lado, para o outro e não viu ninguém. Começou a bater as patas no chão, relinchar e empinar o corpo.
- Brumm!- Devo estar com febre! - resmungou – Brrmm! Brrmm!
Sibile notou que ele ficou nervoso e assustado, resolveu ficar quietinha, esperando que o menino voltasse. Logo o sol baixou e ele apareceu, levando o cavalo pela estrada.- “Vem, Pinhão!” – ele dizia, puxando a corda. – E aí? Como passou a tarde?...
Sibile esticou bem o corpo, estava cansada de ficar parada. Desceu pelo tronco da árvore e foi passear. O famoso lagarto Adroaldo retornava de seu habitual banho de sol. Ele havia assistido a tudo e perguntou:
- Sibile! – Você sabe que não deve falar com os outros animais?
- Sei – respondeu encabulada – Mas, eu não tenho quase amigos e o menino deixou o cavalinho sem comer, achei muito feio isso. Sabe que ele se chama Pinhão?
- Homens e Cavalos vivem juntos há muito tempo, se dão muito bem... Ele prendeu o cavalo para perder a barriga e correr mais... São coisas deles, não devemos nos meter. Entendido, mocinha?
A serpente fez um sinal de que havia sim entendido.
- Agora vá brincar! – ordenou o lagarto. – E, prepare-se! Se eles passarem a usar sua árvore, você vai ter que se mudar...
- Mudar!!! Oh! Oh! – isso não fazia parte dos seus planos.
Por quê? Mais uma injustiça, sua casa era tão quentinha e aconchegante. Isso não era justo, pensou. Precisava achar um jeito de ficar amiga do cavalo e do menino. Só que isso era totalmente proibido.
Sibile precisava pensar...

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Viamão, dia 15 de agosto de 2008.

Este texto será lido por Fernanda Blaya Figueiró no Programa: Janela da Cultura. Rádio Comunitária Santa Isabel, 91,7.

14 de ago. de 2008

Contos

Oi Gente!

Escolhi quatro contos para republicar.
Um beijão,
Fernanda


A Terra e o Tempo

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Ao longo de uma estrada andavam lado a lado a Terra e o Tempo.

Ela estava cansada... Tinha poucas flores coloridas nos cabelos e profundas chagas nas mãos e no rosto... Olhando nos olhos dele pediu:

- Senhor! Por favor, preciso de ajuda.

- Preciso atravessar o rio.

Não era um problema dele, o Tempo pensou em seguir o seu caminho... Mas, os olhos dela! Aqueles olhos despertavam compaixão... Aproximou-se e viu melhor a gravidade de suas feridas.

O Tempo trazia um importante documento: uma carta de intenções generosas da humanidade. Imaginou que as feridas dela podiam contaminá-lo. Mas, mesmo assim resolveu acompanhá-la.

O rio era raso, a água pura e doce, ela parou na margem e calmamente foi entrando, ele colocou a mão em sua cintura e juntos iniciaram a travessia. A força da correnteza tornava a marcha lenta e pesada, cada passo podia ser sentido. Mas, no rosto dela o Tempo via serenidade em seus movimentos leveza. O rio murmurava:

- Reciclar!Reciclar!

A água tocou o rosto dela levando as chagas, nele tocou o coração enchendo de paz, de alegria e de ternura.

Quando chegaram a outra margem ele havia perdido o seu precioso documento. Ela as dores.

Vendo a aflição do Tempo, a Terra agradeceu:

- Amigo, obrigada!

O tempo desceu, então, o leito do rio. A terra subiu.

Constrangido ele achou que havia falhado em sua missão. Os sábios que esperavam o documento estavam todos reunidos em volta da fogueira, entoando uma canção, que lembrava o murmúrio do rio: -Reciclar! Reciclar!

O mais velho dos mestres perguntou o que havia acontecido, ele disse que trazia as mãos vazias... Os sábios compreenderam e responderam com o silêncio: a Carta da Terra havia chegado até ela. Aliviado ele adormeceu.

O sol lentamente apareceu no firmamento, seus primeiros raios iluminaram o ancião estava sentado ao lado do Tempo. Eles olharam para o rio que corria lentamente.

Os olhos do Tempo encontraram-se com os do Ancião, e a humanidade enfim compreendeu. O dia passou, o rio correu. O tempo mudou. A terra girou sem chagas e com flores nos cabelos.



Texto preparado para o II Encontro Diálogos de Budismo e Ecologia.

Agradecimento especial a Taís, Ilson Fonseca e as crianças do Castelinho por sua valiosa colaboração.







Um conto sem fadas?



Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Co-autoria: Angelita Soares



Julieta guardou com carinho suas sapatilhas douradas. Ela acreditava que, um dia,uma bela fada sairia delas e resolveria todos os problemas do mundo...!

- As fadas se alimentam dos bons pensamentos das crianças. – Foi o que seu Antônio, o Senhor dos Sacos, um dia, havia lhe dito - Só que as crianças de hoje, tem poucos bons pensamentos.

Seu Antônio não tem casa... - Coitadinho! Ele dizia, e no seu mundo colorido ia juntando, um papelzinho, uma embalagem, a foto de uma bela casa, na calçada da Caixa. Ganhava um churrasquinho e contava histórias.

Julieta falou das fadas para as crianças que brincavam de pula;r as poças formadas pela chuva.

- Fadas não existem! - Dizia um.

E o outro:Só nos grandes castelos, onde vivem príncipes e princesas, onde tem dragões e espadas. Ou, nas florestas,escondidas, nas flores.

A roda pesada do ônibus atravessou a poça, jogando água e barro, para a alegria da criançada.

Algumas mães voltavam do trabalho e pisavam, com todo o cuidado, nas ruas descalçadas, para não sujarem as botas. E, com olhos severos, recolhiam a criançada.

-Julieta! - chamou um menino gordinho, de olhos vivos e brilhantes- Como são as fadas?

Ela não sabia, mas precisava de uma resposta rápida.

- As fadas... São invisíveis...!! Elas se escondem nas palavras e nos cantos dos becos... Quer ver? Fa - Vê - La - Uma fada que se esconde numa vela. Vi- La - Uma fada que Vi lá. Fa Do , um fado, que dança desengonçado.

-Fado?

As crianças riram das maluquices de Julieta. Passaram a procurar fadas por todos os lados. Dr. Fiodor devia ter uma fada_Para a dor. Dona Ana, uma fada bacana! Seu João, uma fada do Pão! Dr. Clemente_ uma fada que consertava os dentes...!

As frestas das casas de madeira precisavam de fadas tecedeiras... Nos corredores_Fadas de cores...!! Imagina a rua_Toda colorida com fitas...E uma fada bonita!! E, para o banheiro , uma fada de cheiro...!!

A brincadeira durou a semana inteira. Escondidas, as crianças procuravam ver fadas e duendes...

No domingo, Julieta calçou suas sapatilhas douradas.A fada adorada apareceu...No meio da calçada.!Seu Pedro sentava pedras com a ajuda de toda a vila, o beco brilhava, com as fadas encantadas...Escondidas!!! E o conto ganhou amadas fadas!As mais variadas!!





Aos olhos da sapa

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Co-autoria: Angelita Soares

Aos olhos da sapa

O sapo parecia um príncipe. Pobre sapo_Tão difícil ser príncipe! Um belo e imponente cavalo branco, uma promessa de grandes feitos e beleza infinda. O problema maior foi que o sapo acreditou nisso tudo, mais até do que a sapa, que não era nenhuma princesa de longos e lisos cabelos loiros, enfeitados com tiara de diamantes...

- A vida é só isso? – Exclamou um dia, olhando para ela.

Os olhos dela não queriam acreditar no que os ouvidos haviam escutado. O nariz sentiu um ranço... A pele, um frio glacial e a boca, um gosto de charco mofado.

Pula, pula, pula. Daqui pra lá, de lá pra cá... Numa pedra, escorrega. Noutra, tropeça. Bate cabeça, come poeira.

Quando o sapo voltou... Onde estava a sapa?

Busca daqui, busca dali. Pergunta e ninguém responde... Desce noite, sobe dia.

Que agonia!Coaxou a saparia! O charco inteiro respondeu,

Pulando de alegria,

Na maior cantoria: A sapa tá, na lagoa, lavando a pata... !!

E o sapo descobriu: O sapo não lava o pé, por que não quer... !







A bruxinha que não sabia ler.

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Co-autoria: Angelita Soares

Sneed era uma bruxinha muito esperta e querida, ela vivia num pedaço da mata atlântica brasileira, um lugar mágico e encantador, que estava sendo destruído por homens gananciosos e sem consciência.

A pequena tentava proteger a mata da destruição, fazendo encantamentos e feitiços de lua nova. Sneed não são sabia ler! Quer dizer, não sabia a linguagem daqueles homens. Só ouvia o lamento da Mãe Natureza. Via o assombro dos animaizinhos, que fugiam sem saber bem pra onde.

Os homens traziam papéis com muitas coisas escritas. Cheios de razão, ateavam fogo na mata. Jogavam veneno nos rios. Escalavravam a terra com pesadas máquinas. Largavam sementes estranhas nos sulcos. E as pobres plantas? Se não dessem o que eles queriam... Foice no pé.

Um dia estava preparando uma oferenda de lua cheia e encontrou um filhote de homem. Assustada ela se escondeu no tronco de uma grande árvore. O menino sentou pertinho dela, tinha nas mãos um livro cheio de coisas escritas e desenhadas.

Sneed tirou o chapéu, o lenço que usava no pescoço e fingiu ser uma menina. Aproximou-se dele e, como quem não queria nada, foi logo perguntando:

- O que você está fazendo?

- Lendo! – respondeu intrigado – O meu nome é Francisco, e o seu?

Ela precisava pensar rápido, um humano nunca pode saber o verdadeiro nome de uma bruxa. Lembrou da mata.

- Atlântica! – disse com firmeza.

Francisco não agüentou e desatou a rir. Logo pediu desculpas, disse que nunca tinha conhecido alguém que tivesse o nome da mata.

Sneed mostrou a ele toda a beleza e riqueza que havia bem a sua frente. Francisco leu para ela uma parte do livro que falava sobre a preservação da natureza. Os dois ficaram muito amigos. A bruxinha aprendeu a ler e descobriu que muitos homens estavam preocupados com a mata, com a vida dos animais e das águas.

Numa noite de lua crescente ela leu uma oração de um outro Francisco, que pedia proteção para os animais. Como a lua a oração cresceria no coração das pessoas.

Mas, foi numa lua minguante que a grande mágica aconteceu! Como encantamento a mata foi cercada e protegida. Francisco sorria com um papel na mão, onde tudo foi bem escrito. Sneed viu um círculo mágico de luz se formando e do papel surgiram às palavras: Reserva Nacional da Biodiversidade. E Francisco nem precisou explicar...

Hoje quem caminha pela mata fica encantado... Em qualquer lua!

7 de ago. de 2008

Brincante

Bom dia, amigos!

Este é um poema meu, que escrevi especialmente para o Charau Viandantes, e para o Tio Marquinho, um verdadeiro brincante.
Em breve estarei inaugurando uma nova etapa do blog, com novos personagens e formatos.

um beijão
Fernanda



O Brincante*


O Brincante vinha na perna-de-pau,
Não tinha olho de vidro, nem cara de mau.
Não era sonho nem brincadeira!
Trazia alegria para a sala inteira.

Vinha de muito longe,
Fazendo música com qualquer bonde...
De um mundo distante
Onde tudo era alegria.

Menina tristonha ganhava uma fronha!
Menino cansado um saco furado.
Cachorro sem banho?
O brincante era ligeiro!
Tirava da manga um leque de cheiros.
Gato escaldado? Virava um bom soldado...

Doces ele trazia
Na sua lembrança
Balas de açúcar e uma lambança.

Assim ele seguia
Na perna de pau... Na rua sem sal...
Brinquedos não eram segredos,
Só fantasia e alegria

E assim partia a apatia na
Melodia do brincante faceiro
E do seu pandeiro...



Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Dedicado ao Tio Marquinho e ao Grupo Viandantes

* II Versão. A autora optou por utilizar a palavra "Brincante",termo de uso popular.

1 de ago. de 2008

Valeu LOU

Preciso agradecer muito a Lou Salzano, minha filhinha, pois foi ela que sempre cuidou da apresentação do blog. E ao João Gabriel, meu filhinho, que sempre leu e acompanhou as histórias. E ao Nico, meu marido pela paciência em ouvir falar na Linna Franco...

A todos os amigos

beijos
Fernanda

O Fim do Ciclo é também o Início.

O Fim do Ciclo é também o Início.

Queridos leitores!

Escolhi o mês em que o blog completa dois anos para terminar um ciclo de produção: As Aventuras de Linna Franco.
Agradeço a Angelita Soares, por sua valiosa colaboração, como leitora, revisora e co-autora e a todos os amigos que acompanharam estes dois anos de jornada.
Escolhi para finalizar a produção um dos primeiro textos das Aventuras de Linna Franco. Publicado no Site da Revista Viamão e inaugurando o blog, em 19 de agosto de 2006.
Em breve publicarei todos os posts em E-book. Aguarde!

Um grande Abraço
Fernanda Blaya Figueiró


Como é belo o mundo!

Linna acordou inspirada. Domingo, onze horas da manhã, o parque cheio de gente. O terno sol de inverno convidando para sair de casa. Sua mãe queria que ela fosse almoçar com a família. Pegou a “magrela” e foi direto para o parque, o almoço teria que esperar. Armando já estava lá, com a máquina em punho. Uma legião vestia branco e pedia Paz.
Paz no mundo.
Linna usou uma bandeira, comprada de um ambulante, para aderir, incondicionalmente, ao movimento.
Um movimento de reação. Uma verdadeira estratégia de guerra. Contra a onda de medo e ódio. Contra a manipulação dos fatos e o pânico que estava se instaurando nas comunidades. O parque foi tomado por pessoas de todas as idades. De todas as culturas. De todos os partidos.
O grupo caminhou, cantou, pensou: “Vamos reagir enquanto é tempo!”
Armando e Linna estavam agitados, a sociedade brasileira esta passando por um momento crítico.
O terrorismo que antes estava restrito ao Oriente Médio, Europa e USA. Agora estava batendo a porta dos brasileiros, com mais intensidade do que nunca. E o que era pior, promovido por um grupo de excluídos do próprio sistema social brasileiro. Um produto da nossa sociedade.
Linna estava tomada de um sentimento de medo, misturado com revolta. Como a sociedade poderia reagir?
Armando estava fotografando a manifestação quando um grupo começou o arrastão. Levaram tudo, bolsas, carteiras, óculos, bonés. Tudo o que tivesse valor.
O batalhão de choque da polícia militar que acompanhava a manifestação entrou em ação.
Uma fileira de soldados batia o cacete contra o escudo. O barulho era amedrontador. Eles marcharam enfileirados para conter o tumulto. Os cavalos galopando avançaram dissipando a multidão. As espadas tiniam o solo soltando faíscas, Linna foi atropelada pelas patas de um cavalo. Caiu e Armando puxou-a para baixo de uma barraca. Os dois ficaram ali até que as coisas se acalmassem.
Essa paz te serve? Perguntou a ela Armando
Por enquanto ainda me serva. Respondeu Linna.
Perdeu a bicicleta, a carteira. Estava com o corpo todo dolorido, mas ainda achava que o caminho era esse. Reagir pacificamente.
As fotos de Armando ficaram maravilhosas. Pois o tumulto, as agressões, a violência não apagaram a bela cor do dia, não destruíram as imagens serenas dos rostos dos manifestantes. Não calaram a voz da cidade.
PAZ!


FIM

31 de jul. de 2008

Descoberta Arqueológica

Descoberta Arqueológica.

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Linna encontrou no jornal da manhã uma notícia muito inesperada, o Tapete da Princesa Haniffe havia sido encontrado num sítio arqueológico no Iraque. A nota informava que em meio à guerra e os inúmeros problemas que a região vinha enfrentando, a descoberta arqueológica era muito importante, pois trazia esperança para a população. Junto ao tapete estava um belíssimo lustre de cristal rosa. Sorriu imaginando que Caled havia concluído sua missão. Pensou em entrar em contato com o repórter do jornal e contar da carta que estava com ela. Seria difícil explicar a sua origem. Resolveu então, enviá-la para o museu que guardaria o patrimônio cultural recém descoberto.
Lembrando da história de Caled mandou a encomenda como carta registrada. Aquela bela mensagem não pertencia a ela, era parte do Encanto do Tapete. Era como se a princesa tivesse levendo um pouco de paz, para o meio da guerra.
Linna passaria uns dias na casa dos pais, depois em Maquiné com Acauã. Suas férias estavam no fim, precisava guardar energia para o trabalho de conclusão do curso. Já vinha preparando sua monografia: O papel da Imprensa na Construção da Paz. Um assunto realmente difícil.
Seria um semestre de muito trabalho para ela.

29 de jul. de 2008

O Cristal Rosa

Este post conclui a História.

boa leitura!

O Cristal Rosa

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Linna vasculhou suas gavetas, em busca da peça de cristal rosa. Estava guardada, junto com sua correspondência e alguns documentos. Retirou, com cuidado, o pó, e levou, até a janela,para conferir se estava bem limpa.
Os raios do sol da manhã passaram pelo cristal, sendo refratados em vários feixes de luz. O apartamento ficou repentinamente iluminado. Linna sempre achou que a peça era uma lente, pois olhando, por ela, as coisas ficavam bem mais bonitas. Mas seu formato indicava que era parte de um outro objeto. Ela sempre imaginou um abajur, destes de cabeceira. Só que, quando viu o lustre pendurado na loja de Caled, ficou com a impressão imediata de que o cristal rosa fazia parte dele.
O lustre não era muito grande: quatro braços de prata sustentavam os bojos de cristal rosa; dentro dos bojos, havia um lugar para fixar velas, uma corrente, também, de prata, suspendia o objeto. Na parte inferior, havia uma lacuna, exatamente do tamanho da peça que Linna chamava de Lente de Cristal.
O lustre devia ser muito caro; ela precisava saber o que pretendia. Não teria condições de comprar a peça, mas, também não queria se desfazer da lente... Que estava jogada numa gaveta, isso era bem verdade...!
Parou. Devia ou não ir até a loja??
O que era mais importante? Seus desejos ou a reconstituição de um objeto que tinha, no mínimo, quinhentos anos? Que pergunta sem sentindo! Pensou. Pegou sua bicicleta, colocou a lente, na mochila, e não pensou em mais nada...
Chegando lá, a pequena tabuleta estava no mesmo lugar. Mustafá vendia livros para um casal e Caled não estava por ali. Nem o tapete, nem o lustre.
- Bom dia, Mustafá !!- disse Linna- Seu avô está aí??
- Bom dia! – respondeu o garoto – Que bom que você voltou! Quer mais incensos??
- Não! – respondeu, estranhando a pergunta - Eu trouxe o cristal rosa... Lembra, combinei com o senhor Zahir Caled...
Do fundo da loja, veio uma senhora rechonchuda, olhou meio assustada para Linna e disse:
- Zahir Caled???- Do que você está falando???
Mustafá fez um sinal para ela. Concluiu a venda de livros que estava fazendo e disse que havia contado para Linna a história do Tapete Encantador e do Lustre de Cristal Rosa. A senhora ficou satisfeita e voltou para o fundo da loja, resmungando:
... Lendas! Lendas de piratas e princesas... !!
A princípio, Linna não entendeu nada. Mustafá encostou, levemente, a porta de madeira e sussurrou para ela:
- Zahir Caled! Era o mensageiro...
- O Mensageiro...? Da princesa Haniffe?
- Sua alma anda perdida... Por que...
Linna interrompeu a fala de Mustafá
- A encomenda nunca chegou! – Linna estava arrepiada- Mas, ontem eu vi ele...
Mustafá acendeu um incenso de rosas e a atmosfera mudou, completamente. A mesma música tocava, com suavidade. Caled apareceu, com o pozinho do tapete nas mãos.
- Tudo o que eu preciso, para descansar, é unir o lustre e o tapete e entregá-lo, no seu destino. Foi assim que tudo aconteceu: Haniffe era a mais bela princesa do mundo, naquele tempo. Seu amado, o mais corajoso guerreiro. Eu, o mais confiável mensageiro. Porém, um ganancioso pirata, que nem o nome deixou na história, assaltou-me assim que parti. Eu nunca havia perdido uma encomenda, passei o resto de meus dias procurando...
- O lustre estava bem enrolado no tapete. Quando atravessou o mar, chegando a este continente, um marchand os separou. Vendeu o tapete para o norte; o lustre para o sul. Segui o tapete, pois, nele, estava a imagem da bela princesa, a quem eu servia. De que adiantaria um tapete, sem luz para admirá-lo?
O tapete e o lustre estavam sobre o balcão. Mas, só Mustafá e Linna viam. Caled parecia uma visão. Linna retirou, da mochila, a lente e aproximou-se, com cuidado, do lustre. Com a ajuda de Mustafá, encaixou, com toda a delicadeza, a lente, na base do lustre.
Neste instante, as paredes da loja tomaram o contorno da moldura do paspatu do tapete. Linna e Mustafá estavam nos jardins encantados de Paris... Haniffe entregava a encomenda para Caled...
- Tim!Tim! – A campainha tocou. Linna estava surpresa. A mãe de Mustafá olhava desconfiada para ela.
No sorriso da princesa, Mustafá e Linna encontraram a Paz. Caled havia cumprido sua missão.
A loja estava, novamente, com cheiro de bolor e alfazema. O lustre o e o tapete haviam desaparecido, junto com a lente.
- A final, o que você procura?– perguntou, irritada, a mãe de Mustafá.
- Aqui está sua encomenda. – Interrompeu Mustafá – São cinco reais.
Linna pagou o que o menino pediu, despediu-se e pegou a encomenda. Pegou sua bicicleta e sumiu...
Quando chegou em casa, abriu o pequeno envelope, dentro, havia um cartão muito amarelado, no qual estava escrito: “ O amor sempre vence! Princesa Haniffe!” A inscrição tinha o mesmo paspatu vermelho do tapete e as letras estavam escritas em tinta dourada.



Fernanda

O encanto de Haniffe

Continuação do post: O tapete encantador

O encanto de Haniffe

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró


Mustafá, Caled e o tapete não saiam do pensamento de Linna. Assim que chegou em casa, resolveu pesquisar sobre a arte da tapeçaria. Descobriu que era uma tradição muito antiga, praticada por persas, gregos, romanos e muitas outras culturas.
Lembrou de Caled dizendo que aquele era um tapete que havia sido tecido, no interior da França, no século quinze.
A princesa Haniffe era, realmente, muito bonita. Suas feições eram alongadas e a pele levemente escura, tinha longos cabelos castanhos, caindo sobre os ombros. Linna lembrou que, no retrato, ela usava um vestido verde escuro, com detalhes em branco. Aparecia, em meio a um belo jardim, com muitas flores, e seu sorriso era muito pacificador.
Enquanto pesquisava, Linna acendeu um incenso e tentou se imaginar naquele ambiente. A delicadeza dos detalhes e a perfeição do desenho indicavam muita habilidade e paciência.
Caled contou que a princesa havia saído muito jovem, de sua terra natal, por causa de uma terrível guerra. Mas acabou deixando, lá, um grande amor. Para passar o tempo e evitar o sofrimento da separação, teceu o tapete, com a ajuda de suas tias e primas. Ele deveria ser um presente para seu bem amado.
A confecção levou muito tempo. Haniffe escolhia a urdidura, tingia cada fio e tramava com paciência e dedicação. Sempre, imaginando que um dia o tapete levaria seu encanto para junto de seu bem amado.
As notícias de sua tribo não eram as melhores, guerras, saques, dominação. Haniffe conclui a bela obra e confiou a um bom mensageiro. Mas os tempos eram muito turbulentos e o artefato acabou caindo, nas mãos de um pirata ambicioso.
A princesa esperou, em vão, saber o que seu amado havia achado do tapete. O tempo passou e ela, desiludida, achou que havia sido esquecida. Perdendo seu encanto...
Ninguém soube dizer o que aconteceu com a bela princesa. Uns dizem que retornou para sua tribo, outros, que morreu de tristeza. Caled preferia a estória que dizia que, um dia, encontrou seu grande amor, num belo jardim.
O tapete? Seguiu enrolado, no porão de um navio, levando o encanto e o amor da bela Haniffe. Em terras muito distantes, foi trocado por ouro e prata. Serviu de ornamento e de agasalho. Passou por palácios e sacristias. Hoje, aguarda na loja de Caled.
Linna estava cansada, mas muito feliz. No dia seguinte, levaria a lente de cristal até a loja, para ver se era do lustre. Mas, como Caled sabia que as duas peças eram da mesma princesa?

28 de jul. de 2008

O tapete encantador

Oi, Gente!

Esta nova história marca uma mudança no blog, a Angelita está com uma nova produção no: http://www.noreinodelandria.blogspot.com/
E eu volto a escrever sem co-autoria, como no primeiro ano do blog. Dia 19 de agosto o blog de Linna Franco completa dois anos de muitas histórias.


Um beijão,
Fernanda


O tapete encantador

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

O tapete encantador

Linna Franco estava “matando tempo”, tinha concluído seu estágio, na TV Educativa, e estava de férias na faculdade. Seu curso ia muito bem, mais um semestre e seria uma Jornalista. Já tinha planos para o futuro, faria especialização em fotografia.
Com tempo sobrando, resolveu ir ao centro, caminhar um pouco e “ver” as novidades. Visitou os museus. Comeu sanduíche na padaria do mercado. Viu as vitrines e as tendências da moda. Fotografou o cotidiano, pessoas e imagens do centro.
Caminhava, distraída, quando viu uma pequena tabuleta: “Antiguidades. Liquidação - 50% de desconto em todos os artigos.” Ela adorava antiguidades, resolveu entrar na loja e bisbilhotar um pouco.
Uma antiga portinhola de madeira esculpida a mão dava para o interior de uma loja muito especial. Linna teve que baixar a cabeça para entra: a portinha acompanhava os Arcos do Viaduto.
O assoalho de madeira rangeu, reagindo a suas pisadas, fazendo com que tomasse consciência do seu andar e pisasse com mais leveza. À primeira vista, a loja parecia sem ninguém. Estava repleta de produtos, dos mais diversos: livros, Cds, móveis, vinis, porcelanas, bijuterias. Tudo muito colorido e variado.
Sobre o balcão havia um sininho e um bilhete: “Toque para chamar o atendente.”
Um aroma de bolor, naftalina e alfazema traziam ao lugar uma aura de coisa antiga. Pequenas etiquetas amarelas continham o valor de cada objeto: o preço antigo riscado com caneta vermelha e o atual, já calculado o desconto.
Um lustre de cristal estava pendurado, num dos cantos da loja. Linna achou o objeto muito parecido com o cristal rosa que usava como uma lente... Assim que estendeu a mão para tocar na peça, ouviu a voz severa de um senhor:
- Não toque! Você procura alguma coisa, menina?
Um homem baixinho, magro e mal humorado olhava, desconfiado, para ela. Usava óculos quadradinhos e um volumoso bigode . Tinha olhos negros e sobrancelhas finas, um vozeirão parecido com os dos antigos locutores de rádio... Estava parado atrás do balcão, e tinha, nas mãos uma cadernetinha de apontamento. Só então a garota ouviu o tango que tocava, dando um ar de mistério ao lugar...
- Eu estava só olhando! - disse um pouco assustada - Uma vez, eu comprei, no brique uma peça muito semelhante a esse abajur... Um cristal rosa...
- Esse lustre pertenceu a uma princesa. - respondeu o senhor – você ainda tem a peça?
- Sim! Outro dia posso trazê-la... O senhor tem muitas coisas especiais aqui.
O homem sorriu, seu rosto se iluminou e Linna percebeu que era um bom sujeito. Aos poucos foi falando sobre os objetos, como tinha adquirido cada um. O quanto havia investido e o que cada um significava para ele.
Linna viu num cantinho enrolado, um tapete colorido. O senhor logo notou seu encantamento.
- Como você se chama, menina?
- Linna Franco. - Respondeu estendendo a mão para ele.- E o senhor?
- Zahir Caled! – Respondeu, segurando sua mão, com gentileza, como se segura a mão de uma dama. Linna estranhou, não estava acostumada com isso, sem sentir flexionou os joelhos e fez uma reverencia com a cabeça levemente inclinada. – Este tapete chamou sua atenção?
-Sim! Achei lindo, posso dar uma olhadinha??
- Mas, é lógico- respondeu Caled – Mas, preste bem atenção... Este é um tapete encantador...
Seus olhos estavam alerta, observando a reação de Linna. Ele segurou o objeto, com muito cuidado e estendeu sobre uma antiga bancada de madeira. Um pozinho brilhante ficou em suas mãos. Com todo o cuidado foi desenrolando o objeto, aos poucos a música mudou completamente, lembrando os antigos castelos medievais e um perfume de rosas invadiu o recinto.
Linna estava encantada! Um belo jardim, uma fonte de pedra e a figura de uma jovem apareciam tecidos em um fio muito fino e delicado. Tudo em meio a um belo jardim ensolarado e florido, com o céu e o mar, no fundo. Muitas cores, emolduradas por um paspatu vermelho com ramos dourados... O tapete era realmente belo... Frente e verso perfeitos e franjas delicadas contornavam a peça.
- Que lindo!- Linna deixou escapar- Acho que nunca tinha visto uma peça tão bela...
- Pois veja bem... Este é o retrato da princesa que era dona do lustre do Cristal Rosa: Haniffe a bela das flores.
Linna notou a admiração nos olhos de Caled. Uma coisa chamou sua atenção, não havia nenhuma etiqueta no tapete. Nem cogitou em perguntar o preço, já que ele parecia estar num outro mundo.
- Tim! Tim! – Alguém tocava o pequeno sino no balcão.
Linna entendeu que Caled precisava trabalhar, olhou no relógio e ficou surpresa, já era tarde. Haviam conversado por horas... !!
Um garotinho brincava, com a campainha, era Mustafá o neto de Caled...
- Vô! – Disse, olhando para ele – Vamos, estou morrendo de fome!
Antes de sair, ela comprou vários incensos. Estavam muito baratos e seu dinheiro andava curto.
- E o Tapete? – indagou Caled.- Não vais levar?
- Eu ando um pouco sem dinheiro... – Respondeu – Notei que não havia etiqueta, então acredito que deva ser muito caro!
- Sim! – disse olhando para ela- Mas, podemos parcelar, negociar.
- Outro dia! – disse Linna- Seria... Mais ou menos ???
- Dez mil! – disse com convicção, Caled sabia pelo perfil da menina que este valor estava fora de seu poder de consumo.- Mas, podemos negociar...
Linna riu, dez mil para ela era praticamente impossível! Se tivesse toda essa grana daria entrada em um apartamento, jamais, em um tapete.
- Acho que, para mim, os incensos estão de bom tamanho... Nem mil eu poderia pagar, quanto mais dez mil...
Caled ficou orgulhoso dela, sabia pechinchar...
- Mil! É um desaforo... Nem pensar, mas,nove mil, parceladinho??
Linna agradeceu a bela tarde que passou em sua companhia e saiu feliz, com seus incensos. Caled sabia que ela voltaria. Ficou muito feliz em encontrar com ela.
Assim que Linna saiu, ele fechou o estabelecimento, com um ar de satisfação. Mustafá ajudou a guardar a tabuleta. Era o fim do dia, mas o início de uma nova história...