23 de jan. de 2009

Florida e as irmãs bruxas



Comprei estas bonequinhas e depois montei a história. Acho que ficou legal!

beijos,
Fernanda


Florida e as irmãs bruxas


Florida era uma bela menina que não acreditava em bruxas. Iriel e Frela eram duas irmãs bruxas, que não acreditavam em “não bruxas”.
- Todas as mulheres são bruxas! – Elas diziam. Algumas muito poderosas! Outras menos.
Do topo do mundo mágico, elas ficaram sabendo de Florida, por uma nuvem que passou, levando a notícia.
- Como pode? – Perguntavam-se - Essa menina acha que não existimos! Tão bonita, tão fofinha e tão sem imaginação!! Será que acredita pelo menos em fadas? Ou duendes e unicórnios?
Não! O caso era muito mais grave do que elas imaginavam. Florida era totalmente descrente do mundo mágico...!
As duas irmãs decidiram que isso não podia continuar assim.
- Essa menina envelheceu muito rápido! - disse Iriel, montada em sua vassoura – E tudo pode acabar acelerado: as estações do ano, os nascimentos, as felicidades, as angústias... Tudo mesmo!
Iriel e Frela tinham razões para tanta preocupação.
- Criança tem que ser: criança!... – Disse Frela – E toda a criança acredita em bruxas! Não é verdade?
Elas precisavam encontrar um jeito de fazer com que Florida acreditasse que elas existiam. Mas, como?
- Quem sabe, nós a trazemos para o nosso mundo? – indagou Iriel.
- Acho que não vai funcionar... – disse Frela – Florida vai achar que está sonhando. Acho que devemos ir até o mundo dela.
Iriel olhou assustada para a irmã, ir ao mundo real era um grande perigo... O mundo real enfraquecia qualquer ser mágico, até que ele deixasse de existir. Neste caso, Florida acabaria tendo razão, não existiriam mais bruxas, encantamentos, feitiços grandes ou, pequenos. Aos poucos, o mundo mágico terminaria e o mundo real ficaria muito assustador.
Retirando uma receita de um velho livro encantador, elas partiram. Com as seguintes palavras: Sim, Sim, Sala Bim, Bim Bim, as bruxas existem, Sim!*
Só que havia um recado muito importante, que dizia que: o encantamento não podia ser quebrado. Para isso, as duas bruxinhas precisavam manter viva a lembrança do mundo mágico. Deveriam repetir essa frase para lembrar de onde vinham.
- Sim, Sim, Sala Bim, Bim Bim, as bruxas existem, Sim!
Tudo correu muito bem; em poucos minutos, as duas irmãs estavam na cozinha da casa de Florida.
A menina estava sentada, brincando com sucata. Fazia o seu tema de casa, que era criar uma fantasia de carnaval.
Um alívio para as irmãs, já que uma fantasia não deixava de ser um pouco de magia. Só que Florida acha que fantasias também eram bobagens!!!
Com alguns palitos fez uma boneca. Sem nada! Só palito.
- Mãeeeeeeee! – Terminei o tema! – ela disse.
A mãe da menina estava muito ocupada. Não disse nada. A boneca ficou muito chateada! Como brincaria o carnaval, assim, desbotada e sem fantasia?
As irmãs resolveram entrar em ação:
- Sim, Sim, Sala Bim, Bim Bim, as bruxas existem, Sim!
Com o encantamento, a boneca ganhou uma voz:
- Florida! – Ela chamou – Olha pra mim.
Primeiro, a menina ficou assustada. Mas, logo entrou na brincadeira.
- Bonecas de palito não falam! – Disse, autoritária.
A boneca já ia perder a voz, quando as irmãs repetiram o encantamento.
- Sim, Sim, Sala Bim, Bim Bim, as bruxas existem, Sim!
- Eu queria uma fantasia de bruxa! – disse a boneca.
As irmãs adoram a idéia! Florida pegou papel dobrado, fez um grande chapéu e colocou nela. Depois, com um guardanapo, fez um vestido comprido. Gostou tanto de brincar que fez uma vassoura e uma estrela de cinco pontas. Marca registrada das bruxas. Um copinho virou um caldeirão; e uma bolita, virou uma bola de vidro encantada.
Os olhos de Florida brilharam! A boneca ficou linda!
As irmãs achavam que tudo corria muito bem, já estavam pensando em voltar. Quando, sem mais, nem menos, a menina jogou a boneca no chão.
E disse: Bruxas não existem.
As irmãs não se deram por vencidas:
- Sim, Sim, Sala Bim, Bim Bim, as bruxas existem, Sim!
Florida abriu a portinha do fogão a lenha. Estava pronta, para queimar a sua bonequinha.
Neste momento, sua avó chegou na cozinha e disse para ela, bem baixinho:
- Que linda sua bonequinha! Como ela se chama?
Ela não havia pensado em nenhum nome. Então, contou para avó que não acreditava em bruxas... Nem em fadas, unicórnios, ou anjos. Sua avó sussurrou, ao seu ouvido:
- Sim, Sim, Sala Bim, Bim Bim, as bruxas existem, Sim!
A boneca ganhou um nome: Bim Bim. Então, dançou! Pulou! E, festejou!Junto com a menina e sua avó.
Florida descobriu que existe um mundo mágico e encantador, que só as crianças e seus avós conhecem.
Iriel e Frela voltaram para casa num piscar de olhos. E tudo terminou muito bem, com uma nova marchinha de carnaval... - Sim, Sim, Sala Bim, Bim Bim, as bruxas existem, Sim!

* Brincadeira popular.
Viamão, 23 de janeiro de 2009
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão Angelita Soares

20 de jan. de 2009

O Monstro do Mar

Um novo conto!

Beijos,
Fernanda


O Monstro do Mar


O peixinho Veloz vivia numa enseada, perto de uma linda praia.Seu melhor amigo era Raridade, um golfinho rosa.
Na enseada existia um enorme jardim de corais, que tornava tudo muito bonito e colorido. Além de muito, mas muito! Divertido!
Só que, perto dali, havia uma caverna marítima, sombria e assustadora. Os moradores da enseada diziam que lá vivia um terrível e assustador monstro. Azul! Com olhos que brilhavam no escuro e uma cauda potente que destruía tudo por onde passava.
Raridade convidou Veloz para ir até a caverna e destruir o monstro.
- Você não tem medo? – perguntou o peixinho.
- Tenho! – respondeu o golfinho - Quando a gente tem um grande medo, o melhor é olhar para ele bem de perto.
- Mas! – continuou Veloz – O monstro nunca nos atacou!
Veloz tinha razão. Eles não sabiam se o monstro existia mesmo, nem que tamanho tinha, muito menos se ele era uma ameaça. Os dois amigos resolveram que, primeiro, tinham que conhecer o monstro e saber do que ele era capaz.
Juntos nadaram até a entrada da caverna. De lá vinha um barulho muito forte e assustador. Veloz entrou primeiro. Ele era menor do que Raridade e poderia fugir mais rápido, se fosse preciso.
O peixinho foi entrando e chamando:
- Seu Monstro!!! – Olá!!
A caverna devolvia as palavras do peixinho... Seu mooooooooonstro... Olá!!!, Olá... Veloz voltou correndo para a porta. Só viu a cauda do monstro, que era azul, como o mar e enorme...
- Então! – perguntou o golfinho.
- Ele existe! – disse o peixinho. E é enorme!!! Sua voz é potente e repete o que é dito. E agora?
- Agora?
- Nós já sabemos que ele existe... E, está em casa! E, acordado!
As coisas estavam feias para os nossos amiguinhos.
- A caverna é bem grande?- perguntou Raridade.
- Sim! – respondeu Veloz.
- Então vamos entrar juntos e enfrentar esse monstro.- Respondeu muito determinado.
O peixinho estava um pouco nervoso. O monstro devia ser muito grande. Mas, ele não queria passar por covarde, então respondeu:
- Eu lembrei que tenho que... Ir para a escola de peixes.
Raridade não aceitou a desculpa do amigo. Os dois foram entrando na caverna... Desta vez, bem quietinhos. Lá no fundo aparecia só a cauda do terrível monstro. Eles tremiam de medo!
Raridade esbarrou em uma lata velha, com o barulho o monstro resolveu aparecer...
- Quem está aí? – perguntou.
Os dois perderam a fala e tentaram fugir... Só que, era tarde de mais.
Do fundo da caverna o monstro apareceu! Era enorme!!Só que... Nem um pouco assustador.
Veloz e Raridade disseram, ao mesmo tempo:
- Um Cavalo Marinho Gigante!!!
O monstro do mar era, olhando de perto, muito dócil e gentil.
Ele contou que vivia feliz com sua família, no jardim de corais. Mas, começou a crescer, crescer! Além do normal! Os outros animais começaram a achar que ele era um tipo de monstro, só por que era diferente! Assim foi morar na caverna e nunca mais voltou para o coral.
Para a surpresa dos amigos, o monstro não queria sair da caverna. Por que lá era um bom lugar para viver: bonito e seguro.
Veloz e Raridade voltaram para o coral e não contaram nada para ninguém.Descobriram que o monstro era um Amigão!
Hoje! Eles quase morrem de rir das histórias sobre o: Terrível Monstro do Mar.

Viamão, 20 de janeiro de 2009.
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

14 de jan. de 2009

A espiga de milho

Olá!

Nesta nova fase do blog estou desenvolvendo pequenas histórias,tendo como personagens animais e plantas.

Espero que vocês gostem!

Fernanda
A espiga de milho

O burrico Alarico era um sujeito muito quieto, vivia comendo e descansando na sombra. Ou seja, levava uma vida mansa!
Um dia! Estava sentado, tranquilamente, comendo uma espiga de milho... Quando o pato Pacato, muito malandro, chegou perto dele e disse: que o coelho Valente estava de olho na sua espiga. Alarico odiava fofoca! Então, resolveu ir falar com o coelho. Só que deixou a sua espiga sob os cuidados do pato.
O pato Pacato, sem nenhum constrangimento, comeu todinho o milho. Ficando com a barriga inchada. Depois, soltando um suspiro, sentou para descansar. Só que ficou imaginando o que diria ao burrico Alarico.
-O que eu faço? – perguntava para si mesmo. O Alarico vai voltar e vai querer a sua espiga. E agora? O que eu faço?
Pacato já estava quase chorando de arrependimento... Quando ouviu um terrível estrondo...
- Que barulho medonho! – disse assustado – Será que é algum... fantasma?
Ficou bem quietinho, com o sabugo na mão e tremendo de medo...
- Pacato! – ouviu alguém chamar - Pacato!
O pato não queria nem se virar, de tanta aflição... Quando viu o barulho tinha vindo de uma caixa, que o burrico Alarico puxava, com a ajuda do coelho Valente.
Alarico ficou assustado com a cara de Pacato: ele estava inchado, branco e tremendo.
- O que aconteceu? – Perguntou.
Pacato precisava pensar ligeiro...
- Foi um... uma nuvem
- Nuvem?
- Isso! Uma nuvem de gafanhotos... Passou por aqui, e... E comeu todo o milho da espiga... Pode perguntar para quem quiser. Foi uma nuvem. É.
Pacato respirou aliviado, parou de tremer e escondeu a barriga. Valente e Alarico não duvidaram de nada, já que ele parecia tão calmo.
- Mas! Disse o burrico.- Você disse que o coelho Valente estava de olho no meu milho, não foi isso?
Pacato precisava sair de mais essa.
- Isso! Ele estava “cuidando” do seu milho... Cuidando...
- Ah! - Valente e Alarico não desconfiaram de nada. Pacato respirou aliviado novamente, já que sua história tinha “colado”.
Valente então abriu a caixa que estava cheia de espigas novinhas de milho.
- Nem te conto... – disse para Pacato – Foi uma sorte o Alarico não ter comido aquela espiga...
Pacato arregalou os olhos, o aroma das espigas era delicioso.
- Pois, como eu ia dizendo, - continuou Valente – aquele milho estava mofado... Podia ter dado uma dor de barriga nele, como deu na vaca Malhada. Coitada, anda de um lado para o outro...
Alarico, muito gentil, ofereceu milho para o pato, que não pode aceitar e saiu de fininho... Com uma dor de barriga danada.
O burrico Alarico e o coelho Valente sentaram e comeram calmamente. A vaquinha Malhada emagreceu e virou miss. Os gafanhotos nunca apareceram.
E o Pato Pacato nunca mais fez fofoca, nem futrica.

Viamão, 14 de janeiro de 2009
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

12 de jan. de 2009

O Segredo da Teia


O Segredo da Teia


Murthy era uma aranha pequenina e faceira, que passava todo o tempo fiando e tecendo, em um antigo prédio abandonado e sombrio. Muitas aranhas e insetos viviam lá, mas nenhum tecia tão bem quanto ela.
Ela vivia em paz e harmonia, até que a sua teia acendeu: ao meio dia era banhada por uma luz dourada. E, à meia noite, por uma luz prateada. O estranho acontecimento chamou a atenção dos outros insetos. Alguns acharam bonito, outros, que era feitiçaria. O boato se espalhou pelo prédio inteiro! Todos queriam descobrir qual era o segredo da teia.
Murthy acabou sendo condenada a não mais fiar e nem tecer, enquanto o mistério não fosse resolvido. O dia foi passando e ninguém descobria o que provocava aquele estranho brilho.
Com medo, os insetos decidiram que a teia deveria ser destruída. E, assim foi feito! A meia noite, de um dia de agosto, a teia veio ao chão.
Naquele lugar sombrio, tudo voltou a ficar sem brilho, como era antes.
A aranha não ficou nem um pouco chateada, pois faria uma nova teia. Só que primeiro precisava saber o que havia acontecido.
Usando um fio bem longo, subiu ao topo do prédio. Lá encontrou uma velha e sábia aranha.
- Eu estava esperando por você. - disse muito amável - Sente-se.
A aranha morava em uma caixinha de música, muito delicada, que servia de palco para uma bailarina solitária.
- Quem é a senhora? - perguntou. Observando que algumas plumas de pássaros, presas por um cordão , penduradas em um espelho , balançavam muito.
- Eu? Sou uma velha aranha solitária... Murthy, o brilho prateado da teia era o raio de luz de uma estrela e o brilho dourado - um raio do sol.
- Raios de luz? - indagou curiosa - Como eles entram?
A aranha mostrou para ela que havia um pequeno furo no telhado, os raios entravam por ele e refletiam no espelho, onde estavam presas as plumas.
- Se você tecer sua teia, em outro lugar, ela não vai mais brilhar. É isso o que você quer?
- Eu ainda não sei.
A aranha precisava descansar e deu corda na caixinha, a bailarina dançou delicadamente, ao som de uma melodia muito suave.
Murthy achou melhor ficar no topo e tecer sua nova casa, lá mesmo. Assim, não assustaria mais ninguém. A velha aranha informou que ali ventava e chovia. Mas, que mesmo assim, era um bom lugar para morar.
Murthy teceu a noite inteira. Como as condições eram precárias, fez um fio muito forte e resistente.
No outro dia, ao meio dia, por força do hábito, todos olharam para o lugar da antiga teia... E lá viram... Um longo fio dourado que subia até o telhado, onde uma bailarina brilhava e dançava, ao som de uma música misteriosa. As gotas de chuva penduradas na teia formavam um belo arco colorido, que, balançando com o vento, lembrava uma bandeira. E à noite um brilho, prateado e silencioso, iluminava uma aranha que tecia.
Assim, de simples tecedeira Murthy, foi passando por poderosa feiticeira. Essa história virou lenda e todo mundo descobriu que nunca se apaga o brilho de uma estrela, nem tampouco a luz do sol!

Viamão, 12 de janeiro de 2009.
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

9 de jan. de 2009

SOS Samambaia

Um novo conto
beijos,
Fernanda



SOS Samambaia

Tudo fazia parte de um tempo meio doido! As mulheres queriam ser belas como: as samambaias, os melões e as melancias, e os homens achavam isso maravilhoso. Tudo fruto_ ou seria fruta?_ Sei lá _ de uma especulação comercial, um tipo de "negócio da china".
Bom, as plantas, aproveitando a grande publicidade siliconizada, resolveram começar um movimento de transformação (adivinhem só) das casas e mesas dos humanos...
O sal, o café e o açúcar, acostumados com a mídia, resolveram alertar os novos, ¨pop star¨, que isso seria muito passageiro. O café mesmo andava sofrendo, com oscilações da bolsa; uma hora, era o grande salvador da saúde humana; na outra, um vilão dos mais odiados. Sua cotação subia e, depois, caia. Assim, uma hora, era a salvação da lavoura, na outra, uma vergonha nacional.
Os vegetais queriam levar, para as casas das pessoas, paz, harmonia e alegria. O plano era fazer com que olhassem com mais cuidado tudo o que tinham, e não o que não tinham. Por exemplo: ficar feliz em cuidar de uma samambaia, aguando e afofando a terra. Ou ser alegrado por tomar um bom suco de mamão e uma fatia suculenta de melancia,das verdadeiras, ao invés de ficar se lastimando que faltava suco de caju, fatias de fruta do conde, ou ainda, tulipas vermelhas. Isso sem falar, é lógico, que podiam começar a olhar mais para o espelho e tentar encontrar beleza e harmonia, sem querer virar uma melancia. Nada contra dona melancia! Que isso fique bem claro!
Para conseguir seu intento, os vegetais resolveram falar com o seu Agenor, da quitanda. Isso aconteceu, num domingo, dos mais lindos. Ele chegou, como sempre, muito cedinho e foi, logo, levantando as cortinas e, antes que abrisse a porta, o melão falou baixinho:
-Ô, seu Agenor!
O homem colocou a mão nos ouvidos e fingiu que não ouviu nada. Adivinhem só a quem recorreu: Café, com açúcar, mas sem esquecer de colocar um pingo de sal sob a língua. Sentou, perto da máquina registradora, e disse:
- Preciso de férias... Isso! Semana que vem, vou pescar com o compadre....
Logo, em seguida, foi a vez da melancia:
- Calma, a gente queri...
Nem conseguiu terminar e seu Agenor saltou da cadeira.
- Quem está aí? - Perguntou, muito bravo- Apareça! E, com essas palavras, foi indo, em direção a porta, que ainda estava trancada, mas que ele abriu de supetão . A Samambaia nem tentou contato, viu que o homem não tava de brincadeira! Não deu dois minutos para ele voltar, acompanhado de um pai de santo, e dos bons! Foi quando a samambaia teve uma idéia, balançou seu vaso, até que caiu no chão. O pai de santo, usando um ramo de arruda, benzeu as frutas, verduras e plantas da quitanda.
A samambaia, coitadinha, acabou hospitalizada! Isso rendeu um caldo! As pessoas começaram a comentar a inusitada história, que virou paginas de jornal. Daquele dia em diante, foi criado o “SOS Samambaia”, um movimento de proteção às plantas ornamentais. Ter plantas em casa virou a maior sensação, sem falar em consumir sucos e fatias de mamão e melancia.
Já o seu Agenor_ largou tudo e foi pescar. Só que notícia corre mundo! O pessoal do mar está preparando um musical., só para ele, chamado assim:
“O que foi feito das sereias?”


Viamão, 09 de janeiro de 2009
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

7 de jan. de 2009

Julieta, a borboleta.



Oi, Gente!

Esta foto tirei aqui em casa, então escrevi a história,

Beijos

Fernanda

Julieta, a borboleta.

Julieta, a borboleta, amava as flores de uma violeta. Elas eram pequenas, delicadas e perfumadas, vestiam um azul, violeta, com pequenas bordas brancas, como uma renda sofisticada, e um adereço, no miolo, amarelo como o sol e doce como o mel.
Todas as manhãs, ela passava pela janela, onde ficavam as pequenas, e sorvia um pouco do seu adocicado néctar, depois, muito apressada, seguia seu caminho, visitando outras flores e janelas.
Um dia, sem mais, nem menos, as flores desapareceram. Surpreendida, pelo inesperado acontecimento, Julieta parou, por alguns segundos, nas folhas adormecidas. Eis que: a janela fechou!... Mantendo a borboleta prisioneira, dentro de um vasto salão de festas. Seu coração pulou na garganta. Olhou desesperada, para o lado de fora; as outras borboletas seguiram a diante. Julieta precisava encontrar uma saída...!! Bateu, com força, suas pequenas patas, contra o grosso vidro, mas seu esforço foi em vão. Acabou caindo, exausta, no chão de pedras...!! Achou que seria seu fim; uma borracha amarela, que parecia uma pá móvel, colocou sobre seu corpo, uma redoma de vidro.
– Calminha, borboleta – Ouviu uma melodiosa e harmônica cantiga. Baixou a cabeça, para poupar energia. De dentro da redoma, presenciou uma barbaridade: - a luva de borracha estava recheada, por uma mão, que, sem dó, nem piedade, arrancou a violeta de dentro da terra e colocou-a em uma bandeja. Logo em seguida, preparou um outro recipiente, com uma terra muito escura e fofa, e ali, cavoucando um buraco, enterrou a violeta. Julieta quase desmaio; a mão, terminada a maldade, saiu de dentro da luva. Um olho, muito grande e arregalado, fitou a redoma com cuidado.
- Agora é você! Borboletinha... – Disse, de uma forma quase angelical.
Julieta petrificou de medo!
Mas, nem tudo estava perdido, a mão puxou, com cuidado, a redoma, e junto o corpo da borboleta, que, sem alternativa, teve que pular, para aquela palma aberta. Já se imaginava espremida e amassada, pelo menos, seria enterrada junto, com a sua amada violeta...! Até que um sorriso iluminou o olhar aterrador. A janela abriu e a redoma caiu, a palma aberta libertava a borboleta. Ar puro, sol meigo, água abençoada. Julieta voou para muito longe.
Os dias passaram e a lembrança se foi, Julieta passeava distraída, quando viu estava, frente a frente, com a janela. O encontro repentino trouxe lembranças de sua amada violeta. Julieta alçou vôo e, lá do alto, vislumbrou um milagre: as folhas da violeta estavam mais verdes e viçosas. Haviam crescido e tomado todo o vaso. Entre elas aparecia um pendão que, na ponta, trazia um botão. O botão, naquele momento, abriu e libertou as pétalas de uma linda flor violeta, com uma renda sofisticada e um perfume adocicado. Julieta não continha a alegria – ouviu, entre as nuvens, uma cantiga:
- Olá, borboletinha. Viu! Que amor é esta flor!
Depois daquele dia, Julieta entendeu que todos os amores são, na verdade, um só amor.

Viamão, 08 de janeiro de 2009.

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

4 de jan. de 2009

O Grande Graxaim do Pampa

O Grande Graxaim do Pampa

Um bom contador de causos prende o olhar, suspende a respiração, hipnotiza o interlocutor e faz de conta que a vida é algo muito maior do que ela é.
Uma vez conheci um, são raros, e se denunciam num olhar que brilha, e num tipo de sorriso que mente e não se incomoda com isso. Num trejeito dos músculos da face escondia todos os segredos do mundo. Eu era muito pequena e nem tinha ainda este pêlo longo e grosso, propício para dias de inverno. Andava protegida pela sombra de minha mãe, disputando leite com meus irmãos.
Um dia, nunca esqueço, brincávamos de lutar, quando o chão tremeu... Mamãe ficou alerta e silenciosamente nos puxou para o tronco oco de um velho Umbu. O tremor, que todos os animais sentiram, foi provocado pelas patas potentes de um belo e pesado cavalo. Em seu lombo encilhado vinha este tal contador. Decidiu acampar justamente ao pé do Umbu. Mamãe foi para o fundo da árvore oca e mandou que ficássemos quietos e dormíssemos. Fazia muito frio e seu pêlo servia para aquecer-nos. De dentro da toca sentíamos o bafo quente do cavalo, e os movimentos grotescos do homem, que tratou de juntar gravetos e iniciar uma pequena fogueira. Meus olhos já não conseguiam ficar fechados, a fogueira era simplesmente linda, nela uma chama quente e cheia de vida dançava e crescia. Com muito cuidado, atraída pela beleza da fogueira, fui chegando até a porta da toca. Mamãe e os outros dormiam, como manda o bom senso. Encostei minha boca na raiz do Umbu e fiquei observando tudo. Depois, foram chegando mais cavalos, cada um com um homem. Barulhentos e desengonçados largavam coisas pelo chão e riam de qualquer bobagem.
Pedaços de comida, espetada em taquaras compridas, soltavam um aroma tentador. Eles comeram tudo! Um pequeno osso caiu bem perto de mim. Puxei com muito cuidado, nunca mais esqueci daquele gostinho, que colava no céu da boca.
A noite, uma das mais escuras de que me lembro, foi longa. Num determinado momento a cantoria parou e só se ouvia o estalar do fogo e o uivo do vento. O tal contador bateu com a ponta da faca no estribo do cavalo e todos olharam para ele. Minhas orelhas ficaram em pé e o meu pêlo arrepiou.
- Os amigos souberam da última aparição? – indagou olhando nos olhos dos outros. Um silêncio, seguido de pigarros e tossidinhas, indicava que todo mundo sabia, mas ninguém admitiria.
Que aparição será essa? – perguntei para mim mesma e logo em seguida vi na face do homem um sorriso, que não põe todos os dentes a mostra. Como ninguém se pronunciou ele continuou:
- Pois dizem que nestes campos, mais precisamente nestes matos e capões vivem os maiores Graxains dos Pampas. Semana passada, uma fêmea, muito linda, de pêlo cinza e patas brancas, foi vista, com cinco filhotes. Há uma recompensa, de muitas moedas, para quem trouxer a bichana... Pois, diz que... O pai das crias derrubou um rebanho de ovelhas... Só que... Foi a tiro... Graxaim malvado não é mesmo. - Todo os homens caíram na risada e um novo silêncio acalmou a noite.
Derrubar um rebanho de ovelhas era um crime muito grave, eu sabia disso, podia ser o fim dos Graxains do Pampa, naquela região. A fogueira havia apagado, os homens dormiam e os cavalos continuavam amarrados. Eu estava com medo e começando a congelar quando senti o calor de mamãe, ela nos convidava para partir em silêncio.
Passávamos bem no meio do acampamento quando o contador abriu os olhos e num movimento rápido colocou a mão na faca, que trazia na cintura. Minha mãe olhou bem dentro dos seus olhos, sem medo e sem baixar a cabeça, rosnou mostrando todos os dentes. Meus irmãos e eu nos escondemos entre suas patas traseiras e ela foi andando, vagarosamente, para trás. O homem baixou a mão e disse baixinho: - Vai!
Até hoje não entendi essa história, mas, fugimos dali e de longe ouvimos o uivo mais assustador de todos: O Grande Graxaim do Pampa saudava a lua e a liberdade.
Depois fiquei sabendo que quem derrubou o rebanho de ovelhas foi um daqueles homens. E quem descobriu tudo foi o tal contador de causos.
Agora ando sempre atenta e evito acampamentos e ovelhas... No mais, a vida segue tranqüila por estes caminhos do pampa.

Fernanda Blaya Figueiró
Viamão, 03 de janeiro de 2009