9 de jul. de 2011

Surfando no Verde

Olha a semelhança!!!






Oi, gente!

Olha só como as coisas são estranhas: em março de dois mil e dez tirei uma foto de um gafanhoto que pulou no teclado do computador. Pensei que isso poderia render uma bela história, mas acabei não escrevendo nada. Ontem fui numa escola, muito legal, contar histórias para uma galera muito querida e no meio da conversa um menino falou nos gafanhotos e lembrei da fotografia. Bem, hoje estava passando pelo centro e tinha um artesão que fazia, adivinhem só: gafanhotos. Prontamente adiquiri um e ele me indagou: com a folha ou sem? Com o folha! - respondi. Já saí dali vendo o gafanhoto como um surfista e a história aos poucos foi ficando pronta. Pensei: vou fotografar o meu novo personagem e soltei sobre o teclado. Então vejam vocês o resultado desta coisa doida, imaginem que o teclado já nem é mais o mesmo...

Boa Leitura!


Surfando no verde

Folhado não era doce, nem salgado! Uma viçosa folha de seringüeira era sua melhor companheira, pois foi com ela que esta esplêndida aventura viveu. E isso tudo se passou há bem pouco tempo. Vinha ele, pulando de folha em folha, quando um clarão o céu iluminou e uma árvore nas nuvens desenhou. Logo em seguida um estrondo o seu mundo sacudiu e o gafanhoto à folha ficou grudado. Folhado foi lançado longe e da folha, que agora servia de prancha, não se desgrudou mais. Pois nosso amigo virou o primeiro gafanhoto surfista de toda a região. As pessoas que lá moravam com o terrível barulho olharam todas para o céu, a procura do que tinha acontecido.
- Foi um tiro de canhão, dado por um ladrão! Disse com firmeza o guarda de plantão...
- Não! Foi um avião que passou! - Retrucou o guardador de carros.
- Que nada! Olhem as nuvens escurecendo o céu- disse satisfeita a vendedora de guarda-chuvas – É uma tempestade que vem lá do lado do rio...
- E aquele pontinho verde? Olhem está correndo na direção da ponte! Que coisa mais esquisita. - Disse a dona da sapataria.
A onda corria pelo céu com toda a força da natureza só que numa janela bateu e o rumo perdeu. Com o solavanco a persiana abriu e o gafanhoto contra a parede trombou. Perdeu altitude e caiu no chão. O povo, muito desconfiado, o velho prédio invadiu e aos trancos e barrancos, no maior empurra-empurra as escadas subiu. Folhado ficou super preocupado com a confusão que estava se formando. Nesta hora, para seu alívio, a chuva começou e pela janela aberta a água entrou
e uma nova onda formou. O gafanhoto, que agora já era escolado, nela surfou. Depois ficou bem quietinho, num canto da sala, onde ninguém podia lhe ver. O Povo chegou estabanado e procurou por tudo que foi lado. Uma menina muito esperta, de cabelos cacheados e vestido de festa, entrou pé por pé na pequena sala e suas fotografias logo baixou. Chamou todo mundo para ver a prova de que algo de inusitado havia acontecido. Nas fotos o gafanhoto surfava e fazia voltinhas. Com as antenas bem ligadas e uma luz soltando. Foi bem assim que nas fotos ele saiu.
- Isso é um brinquedo que voou com o vento. Sentenciou o guarda com o senho franzido. Ninguém quis saber de contestar e o tumulto acabou. Só que a menina esqueceu de desligar o maquinário e Folhado com sua prancha resolveu contar direito esta longa história. E postou na rede sua bela conclusão.
“ Surfar na onda verde não é brincadeira, nem é coisa passageira. Um dia a gente vai lembrar com orgulho deste tempo, em que a força da natureza se mostrou soberana. A energia da tormenta é a alavanca das mudanças. A onda uma hora é forte, na outra fraca! Mas, sempre nos leva para a praia calma e mansa.” Folhado só não sabia que era feriado e que tudo estava fechado. Passou um trabalhão devorando tudo que tinha, carta, bilhete, recibo... Com a tinta das folhas acabou com uma boa indigestão. Mas, sua prancha companheira ficou intacta e bem guardada. Na segunda aproveitou um ventinho para dar o fora. O guarda quase teve um chilique.
- Eu devo estar sonhando - resmungava nos corredores.
Ninguém entendeu foi de onde teria saído o tal memorando e porque as folhas do escritório estavam todas furadinhas...

Fernanda Blaya Figueiró
9 de julho de 2011

1 de jul. de 2011

Conto - Sinuela e seu sininho.




Oi, gente!

Fiz hoje um grande investimento rural.

Comprei uma vaquinha e já surgiu uma nova história... Espero que vocês gostem.

Sinuela e seu sininho

Boi sinuelo é aquele que no pasto os outros seguem. Pois na tropa desta história era Sinuela a vaquinha que o gado sempre seguia, com seu belo sininho.
Um dia um novo bezerro a ela perguntou:
- Sinuela, vaca querida, o que é o mundo?
- Mu-mu muuuuundo, respondeu a vaca gaguinha, mu-mu- muuuuundão, mu-muito cuidado. O mundo é grande mas não infinito.
- Infinito? - perguntou o jovem entre brincadeiras e mugidos.
- Mu-mu muito cuidado -respondeu a vaquinha, dizem que o infinito fica muito pra lá de Lavras...
- Lavras é de lavoura? Continuou o curioso bezerro.
- Mu-mu muito certo! Da lavoura vem o feno, o milho e a aveia.
- Aveia? É para fazer mingau?
- Mu mu muito bem lembrado , continuou a vaquinha. Menino vá brincar com sua maninha, que a hora da ordenha já chegou
- Ordenha? - O que é isso?
- Mu-mu muito antiga é essa tradição: o homem ao gado alimenta o gado ao homem sustenta... A lavoura a todos ajuda e o nosso esterco as plantinhas alimenta. Mu- mu muito antigo é esse tratado. Com a ordenha, o leite guardado vira o mingau de aveia. Entendeu bezerro amigo?
- E esse sino, Sinuela, porque toca tão bonito?
- Mu-mu-muito velha é essa história o sino chama e a tropa responde e o caminho, a muito marcado, vira estrada , vira picada, vira uma boa jornada. Quando ouvires o sininho, venha logo, sem demora... O sino mostra onde a tropa tem sombra para descansar, mostra a água limpa e o sal bem guardado... Mostra o amigo homem e seus cavalos bem domados.
- O homem é amigo??? Tem certeza Sinuela?????- perguntou toda a manada...
- Desde de que o mu-mu- mundo, mumumundão foi feito... O homem trabalha pra manada, faz cerca, abre poço, planta feno e azevem... E as vezes o caminho encurta entre esta e a outra estrada: o mu-mu-mundo além mundo, onde todos um dia vamos estar...
- Não sei bem se entendi?- disse o bezerro entre uma e outra mamada.
Sinuela tocou o sino e pelo pago quietinha se foi, o homem ao pé da cerca orgulhoso o gado olhou, só não entendeu porque tanto mugido. Pela manhã teria que ver o que no pasto havia acontecido, seria um velhaco zurrilho que o gado estava a assustar? Sinuela seguiu trilha até o alto do morro. Muito esperta ela sabia que ao abrir a cortina da noite o bezerro tudo entenderia... Com as estrelas aprenderia como é vasto e belo este mundão!

Fernanda Blaya Figueiró
1 julho de 2011