7 de abr. de 2008

Oceano

Oi gente,

Esta é mais uma história das Aventuras de Linna Franco

Fernanda


Oceano
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
co-autoria: Angelita Soares

A foquinha Onc estava, de volta, ao litoral do Rio Grande do Sul. Sua migração para a Antártica tinha sido catastrófica. Floc, um filhote de lobo-marinho, havia se perdido, antes mesmo de chegar a Rio Grande...! Exausto, fez o caminho de volta. Chegando em Capão da Canoa, sua praia preferida, acabou sendo capturado, enquanto dormia na areia. Os veranistas não sabiam de seu hábito de dormir, um pouco antes de completar a viagem, assim, por falta de conhecimento, acabaram forçando a Patrulha Ambiental a levá-lo para o Ceclimar. Lá, foi muito bem atendido, recebendo comida, carinho e cuidados. Por uma fatalidade, acabou sofrendo um acidente, no tanque de mergulho...!!!A Ilha dos Lobos perdia mais um habitante... A Turma de Linna Franco, um amigo, e o Planeta Terra, uma partezinha de sua Comunidade de Vida Única.
Onc chegou a ir ao Estreito de Drake, uma dos lugares mais emocionantes para a navegação. Era famoso, por apresentar as piores condições meteorológicas marítimas do mundo. A foquinha esteve pertinho da Terra do Fogo, mas acabou voltando na primeira corrente marítima fria do ano.
As notícias no mundo do mar eram preocupantes: degelo das calotas polares, mudanças nas rotas de navegação e a formação de grandes aglomerados de lixo. Isso, seria possível?! Lixo...!!! O maior predador do planeta vinha jogando toneladas de resíduos, nos Oceanos, como restos de experiências científicas, bombas, dejetos de grandes navios e plataformas de “sugar” o sangue da Terra. Além de pequenos objetos que, diariamente, eram levados para as águas pela chuva e pelas pessoas. Esgoto, detergentes, guarda chuva, pneus, produtos químicos... A lista parecia infinita.
As águas profundas do Oceano eram ótimas para meditar, tentar estabelecer uma conexão espiritual com a energia da criação. Onc, que sempre era alegre e brincalhona, voltou ...Triste. Mas, com esperança que as coisas melhorassem...!!
Durante o retorno, enfrentou gigantescas ondas, tempestades e ciclones. O Oceano não pára, nunca! A grande preocupação é com a manutenção da vida. Peixes, corais, mamíferos lutam diariamente para procriar e povoar as águas. Sobreviver e perpetuar a espécie, a vida do planeta.
No fundo do mar, Onc boiou. alguns segundos, para recuperar as forças.A luz do sol aparecia longe, como um fio...! O escuro guardava grandes segredos. Sentiu uma profunda sensação de paz, uma energia renovadora. O canto das baleias soava acalmando, a alma. Onc entrou em contato com a energia remota de seus ancestrais. Era preciso seguir em frente. Com sabedoria e determinação, todos os problemas seriam combatidos.
Se os homens pudessem pesquisar as grandes montanhas de lixo plástico, poderiam agir com sensatez, achariam o tempo que o Oceano levou para acumular suas porcarias, como vem agindo para tentar se limpar e ficar livre desta profunda chaga, que cheira a egoísmo e falta de inteligência. Não basta rasgar toda a Terra, buscando petróleo, ainda tem que deixá-lo jogado, nas águas do mar. Quem sabe, os continentes não acabem afundando com a erosão interna? E o homem seja obrigado a viver sobre as montanhas de lixo, sendo a fauna que vai digerir tudo isso, passando de predador a decompositor. Quem sabe?
Linna recebeu a amiga na praia. Onc precisava desabafar..!!Contou toda a aventura, sem omitir um detalhe...!!

Plataforma
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Co-autoria: Angelita Soares
A foquinha Onc estava super feliz , por ter pegado a primeira corrente marítima gelada do ano e ter regressado ao Rio Grande do Sul, assim, escapou do degelo da plataforma na Antártida...!! O calor estava, definitivamente, mudando o mar...!! Para muitos animais, isso seria um grande problema; uma larga e rápida transformação, como essa, atingia a vida de todos. Marés, temperatura da água, reprodução, alimentação... Tudo tendia a ser mudado! Cada geração que passa sobre a Terra enfrenta um grande desafio; guerras, ideologias, pestes.... A nossa, pensava Onc, teria de lidar com as conseqüências da ação do homem... O conforto e a riqueza trazidos pelos progressos científicos estava causando um grande desequilíbrio na vida. Seria o homem capaz de reverter esse processo?Seria capaz de se reinventar e mudar...?? Mãe Natureza estava fazendo o que toda a mãe, ás vezes, tentava fazer... Cobrando responsabilidade, e aplicando palmadas no bumbum... De todo o mundo. Onc sabia o que deveria fazer.Comer bastante, para guardar energia e procurar ter seus filhotes, assim, talvez sua espécie continuasse a existir. Não se achava pronta para isso, mas... Era preciso... !Passou a pensar em um lugar bom lugar, para procurar um companheiro: Ilha dos Lobos, Rio Grande, Lagoa do Peixe... Qualquer lugar onde houvesse respeito á Vida.Existiria, ainda, um lugar assim???Pensava Onc, mergulhando e seguindo a maré.






A turma de Onc
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Co-autoria: Angelita Soares

Essa época do ano a Ilha dos lobos contava com poucos habitantes, o porto de Rio Grande estava lotado e a Lagoa do Peixe desértica, muitos peixes estavam morrendo se sede, já que a seca estava castigando a região. Onc andava perdida de um lado para o outro até que encontrou um grupo que vinha do sul... Focas, Leões Marinhos e Toninhas nadavam e brincavam no mar. A alegria reinava entre eles. Piruetas, manobras radicais e rachas no fundo da água deixaram a foquinha espantada. Não estariam preocupados com o futuro?
- O futuro a Deus pertence! – respondeu Mouppu, uma jovem foca macho. A natureza sabe o que faz... Se o gelo caiu, é porque isso era o melhor que podia acontecer... Como você se chama?
- Onc! – respondeu entre os dentes, não gostou muito do jeito dele- Vocês chegaram a ir a Antártica?
- Não! Estava muito doido aquilo lá... Tinha uns caras espiando... Esperando o gelo cair... Dizem... que... Deixa para lá...
Mouppu nadou com rapidez para a beira da praia, acompanhando as manobras radicais de alguns surfistas. A turma estava indo para a Ilha dos Lobos e Onc decidiu ficar com eles.
Uma frente fria colocaria as coisas no lugar... Muitas focaquinhas estavam para nascer. A colônia levava a vida normalmente. - As mudanças fazem parte da evolução- dizia um velho leão marinho sentado entre os molhes – Devemos continuar brincando e nadando...
As ondas estavam radicais, um convite para nadar. Onc ficou pensando se o deslocamento do gelo não provocaria a formação de ciclones e ressaca no mar. Bem... Descobriria na próxima lua cheia... Até lá, comeria muitas sardinhas. Mouppu contou muitas histórias sobre pescarias e desafios da sobrevivência no mar, conquistando a afeição da foquinha aos poucos... Segundo ele os humanos existiam para transformar o planeta, essa era uma teoria conspiratória do fundo do mar. Eles viviam enfrentando a natureza... Tentando dominá-la, com tecnologias que vinham, acredite se quiser, do tempo que moravam em cavernas... A natureza reagia e assim a matéria prima ia ganhando novas formas... As florestas ganhavam novas sementes, já que eles circulavam pelo mundo todo, levando coisas em seus sapatos e rodas e asas metálicas... Os animais perdiam alguns espaços e ganhavam outros... Nos últimos anos andavam jogando lixo no espaço... Cápsulas, sondas, cheias de bobagens... Outra coisa!
- Imagina que eles tem um negócio chamado trabalho – disse ele enquanto saltava para pegar um peixe.
- Eu sei! Minha amiga Linna Franco trabalha como estagiária...
- Produzem milhões de coisa, só para poder conseguir dinheiro – Depois gastam milhões desse dinheiro tentando se livrar destas coisas. – É muito doido.... Além de estragar com a vida de muito animal e deles mesmos... Imagina que tem humanos que comem lixo... Que nem os urubus... Só por que não tem dinheiro.
- Não! – Onc estava desconfiada da fala de Mouppu – Eles tem montanhas de comida fresca... Eu já vi... Os barcos passam no mar um troço chamado rede... Floc quase ficou preso numa, uma vez...
- Você conhecia Floc! – Era meu melhor amigo, um carinha muito esperto... só que tinha a mania de ir pra Capão...
Os dois ficam discutindo na beira da praia... A colônia inteira percebeu que logo formariam um lindo casal...



Ícones
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Co-autoria: Angelita Soares

Mouppu acompanhou as toninhas até Imbé. Onc ficou na colônia batendo papo com um velho lobo marinho...
- O homem não tem predador?- perguntou observando os surfistas deslizando nas ondas.
- Tem sim! Outros homens. Mas, não é bom perder tempo com eles, Onc. - Aconselhou o sábio.- Os homens são difíceis de entender... Andam em bandos definidos por bandeiras, mapas e línguas... Entram em conflito por território, poder e dinheiro... Criam períodos longos de medo, depois constroem heróis pacifistas e ícones... Acho que o sistema deles é mais complexo do que o das formigas e das abelhas...
- Lobos marinhos também brigam...
- Brigam. Eu adorava uma briguinha... Em uma coisa Mouppu tem razão a natureza sabe o que faz... Os homens vão existir pelo tempo que forem necessários... Depois vão mudar. Nós também...
- Eu conheço bem o medo - disse pensativa - Aquele negócio que a gente sente no meio de uma tempestade no mar. Ou quando um tubarão se aproxima, com aqueles enormes dentes, como Mouppu contou ontem...
-Tá vendo essa marca na minha nadadeira? Foi um arpão. Escapei por pouco e vi os olhos de um homem assassino.
-O que é isso?
- Um predador de homens... Depois soube que ele foi preso... Isso dá um medo, que você não imagina.

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