11 de nov. de 2008

O ladrão de sonhos

Oi Gente!

Nessa nova fase do blog quero fazer pequenos contos e poemas.

beijos,

Fernanda


O ladrão de sonhos.

Tinha um furtivo andar e um olhar preciso...Para aquilo que podia levar. Mas não era um ladrão comum, destes que batem carteiras e roubam senhas. Era um ladrão de sonhos!
Não usava capa e nem máscaras de meias, para ocultar a face, mas, sim, um outro disfarce, o de Sabichão. Suas vítimas preferidas não traziam grandes posses, mas eram ricas em esperança e alegria... A alegria de sonhar, quem sabe, com uma festa na praça, ou uma tarde de poesia. Um banho de cachoeira! Uma bela refeição por fadas preparada. Uma corrida num camelo, nos desertos da Arábia. Subir o topo de uma grande montanha, ou colocar o pé, no oceano, e sentir como a terra respira.
O Sabichão, por trás de óculos redondos, chegava, destruindo tudo:
- Ah! Que besteira! Festa na praça, coisa mais brega! Festa tem que ser em “club”! Poesia se lê à noite, nunca, à tarde! Banho de cachoeira é ultrapassado! Fadas, cruz credo, coisa mais antiga! Camelo, queridinha, não tem coisa mais sem graça! Topo de montanha! Pé no oceano! Faça-me o favor! Tudo isso já foi feito!! A Terra respira? Oh, imagenzinha mais gasta!
E, assim, ele ia, roubando sonho por sonho. Destruindo e engolindo as alegrias de um povo simples e trabalhador, que só queria sonhar, um pouquinho. O Sabichão não media esforços, para acabar com a fantasia. Só que não sabia que afiava a própria guilhotina. O povo foi se cansando de tanta danação e ninguém mais ouvia o falso Sabichão.
E essa nossa breve história terminou, assim:O povo continuou sonhando e trabalhando e o Sabichão acabou preso, numa rede de desgostos, que ele mesmo teceu.
Quem cruza a praça mal vê a agonia do resmungão: - Mas, eu sei! Eu Li! Eu disse... Eu, eu é que sei... Sabia? Sabichão, o ladrão de sonhos, perdeu seu andar e seu olhar, junto com sua alegria.

Viamão, 11 de novembro de dois mil e oito.

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

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