12 de jan. de 2009

O Segredo da Teia


O Segredo da Teia


Murthy era uma aranha pequenina e faceira, que passava todo o tempo fiando e tecendo, em um antigo prédio abandonado e sombrio. Muitas aranhas e insetos viviam lá, mas nenhum tecia tão bem quanto ela.
Ela vivia em paz e harmonia, até que a sua teia acendeu: ao meio dia era banhada por uma luz dourada. E, à meia noite, por uma luz prateada. O estranho acontecimento chamou a atenção dos outros insetos. Alguns acharam bonito, outros, que era feitiçaria. O boato se espalhou pelo prédio inteiro! Todos queriam descobrir qual era o segredo da teia.
Murthy acabou sendo condenada a não mais fiar e nem tecer, enquanto o mistério não fosse resolvido. O dia foi passando e ninguém descobria o que provocava aquele estranho brilho.
Com medo, os insetos decidiram que a teia deveria ser destruída. E, assim foi feito! A meia noite, de um dia de agosto, a teia veio ao chão.
Naquele lugar sombrio, tudo voltou a ficar sem brilho, como era antes.
A aranha não ficou nem um pouco chateada, pois faria uma nova teia. Só que primeiro precisava saber o que havia acontecido.
Usando um fio bem longo, subiu ao topo do prédio. Lá encontrou uma velha e sábia aranha.
- Eu estava esperando por você. - disse muito amável - Sente-se.
A aranha morava em uma caixinha de música, muito delicada, que servia de palco para uma bailarina solitária.
- Quem é a senhora? - perguntou. Observando que algumas plumas de pássaros, presas por um cordão , penduradas em um espelho , balançavam muito.
- Eu? Sou uma velha aranha solitária... Murthy, o brilho prateado da teia era o raio de luz de uma estrela e o brilho dourado - um raio do sol.
- Raios de luz? - indagou curiosa - Como eles entram?
A aranha mostrou para ela que havia um pequeno furo no telhado, os raios entravam por ele e refletiam no espelho, onde estavam presas as plumas.
- Se você tecer sua teia, em outro lugar, ela não vai mais brilhar. É isso o que você quer?
- Eu ainda não sei.
A aranha precisava descansar e deu corda na caixinha, a bailarina dançou delicadamente, ao som de uma melodia muito suave.
Murthy achou melhor ficar no topo e tecer sua nova casa, lá mesmo. Assim, não assustaria mais ninguém. A velha aranha informou que ali ventava e chovia. Mas, que mesmo assim, era um bom lugar para morar.
Murthy teceu a noite inteira. Como as condições eram precárias, fez um fio muito forte e resistente.
No outro dia, ao meio dia, por força do hábito, todos olharam para o lugar da antiga teia... E lá viram... Um longo fio dourado que subia até o telhado, onde uma bailarina brilhava e dançava, ao som de uma música misteriosa. As gotas de chuva penduradas na teia formavam um belo arco colorido, que, balançando com o vento, lembrava uma bandeira. E à noite um brilho, prateado e silencioso, iluminava uma aranha que tecia.
Assim, de simples tecedeira Murthy, foi passando por poderosa feiticeira. Essa história virou lenda e todo mundo descobriu que nunca se apaga o brilho de uma estrela, nem tampouco a luz do sol!

Viamão, 12 de janeiro de 2009.
Autoria: Fernanda Blaya Figueiró
Revisão: Angelita Soares

Nenhum comentário: