Floriano
de Pano
Floriano
de Pano ou Floripano, para os amigos, é um Ilhéu brasileiro que bem
que podia ser Açoriano, quer dizer no fundo acho até que ele é.
Boneco nascido nos Caminhos Açorianos, em Santo Antônio de Lisboa.
Mora numa praia onde existe um Sambaqui. Tem samba aqui? Tem!! Mas
não é disso que se trata e sim de um velho amontoado de cascalho,
de conchas,feito por antigas civilizações coletoras, um lugar
místico.
Come-se
muito bem por lá!!! De ostras gordinhas a fofos filés de peixe e
muito, muito, muito Camarão, tudo pescado por ali mesmo.
Nas armadilhas ou as lanternas, são criadas umas e outras
ostras...
Mas
no tictictictic... dos bilros, um tipo de magia que trança a linha
com pedacinhos de madeira em uma grande almofada foi feito um
coração... Seria de sereia ou de baleia? E agora? Pois então... O
coração pertencia a uma Fada. Nem sereia, nem seria. Nem baleia nem
bailarina. A Fada morava numa casinha bem pequenininha de porta e
janela rente à calçada. Era pequena e tinha longas asas coloridas,
trabalhava com encantamentos de todas as maneiras. Mas, só podia ser
vista num dia de pouco sol e pelas crianças mais alegres do mundo.
Um dia uma indiazinha catava conchinhas com sua cesta de folha de
bananeira e de longe viu a Fada na janela tecendo um lindo chale
colorido... Olhou! Olhou e não queria acreditar no que seus olhos
viam. Foi chegando bem devagarinho e perguntou:
-
Quem é você?
-
Sou a Fada Madrinha- ela respondeu prontamente.
-Madrinha
de quem?
-De
todos os moradores da Ilha, que cada morada tem uma fada, você não
sabia?
-
Eu, não sabia- respondeu a menina- Cato conchinhas como minha mãe
fazia e a mãe da minha mãe... O sambaqui conta bem essa história.E
nunca ouvi falar em Fadas Madrinhas por aqui...
-
Eu vim para cá nas páginas de um antigo livro – tratou de
explicar - Ele era de um menino que atravessou o mar há muito tempo
atrás. Quando cresceu apaixonou-se por uma Castelhana e foi se
embora.
- E
você ficou para trás?
-
Não! – Quando as crianças crescem as fadas adormecem.... Até
encontrar uma outra criança... Fiquei na Ilha, com o tempo o velho
livro foi levado pelo mar e a história que ele contava se perdeu...
- E
que história era?
-
Ah!! Uma linda história de um menino que amava o mar e que viajou
nas costas de um dragão. Seu nome era Floriano.
-
Floriano de quê?
-
Floriano de Pano!! Mas como você se chama, menininha?
-
Adelina! Mesmo nome da minha avó... Ela era uma grande rezadeira...
-
Pois bem Adelina, Floripano era um aventureiro seu sonho era conhecer
a América. Isso há muito, muito tempo atrás, então ele se
candidatou para trabalhar num navio cargueiro, naquele tempo os
navios eram feitos de madeira e não eram grandes como são hoje. No
mesmo navio embarcou disfarçado um dragão.
-
Um dragão??
-
Isso mesmo!- respondeu a Fada Madrinha.
-Não
acredito...
-Nem
precisa... Lembra que eu falei que essa é uma historia antiga, de um
livro que se perdeu no mar?
-
Lembro! - Mas não é por isso que eu preciso acreditar.
-
Não precisa, no mundo das histórias as coisas não são de verdade,
são de imaginação.Continuo ou não!
-
Sim, pode continuar.
- O
dragão se escondeu junto com a carga, mas lá não tinha nada para
comer e ele foi ficando fraquinho, a viagem era muito longa. Um dia o
Capitão pediu a Floripano que abrisse o porão do navio para entrar
um ar e que buscasse um pedaço de bacalhau. Foi assim que ele
encontrou o dragão. Levou um susto danado, mas ficou bem quietinho.
Voltou mais tarde.
- O
dragão não atacou ele?
-
Não, era um dragão amigo... Mas faminto. Floripano deu a ele um bom
pedaço de torta de galinha.
-Tinha
galinha no navio?
-Não!
Ele tinha levado muitas torta de casa.Os dois ficaram amigos e quando
o navio já estava quase aportando, o Capitão encontrou os dois
jogando cartas. Ficou furioso e ordenou que fossem presos... O Dragão
ficou tão assustado com a fúria do homem que abriu as asas e
chamou o amigo. Floripano montou nas costas do Dragão e os dois
voaram para a costa. O menino virou um aventureiro da Terra Nova e o
Dragão se escondeu na Praia Mole, lá ele dorme, durante o dia e voa
nas noites de lua cheia.
-
Como que eu nunca ouvi essa história? Perguntou Adelina.
-Porque
ela se perdeu... Lembra que eu falei?
-
Lembro! E agora eu tenho que ir embora... Minha mãe deve estar me
esperando.
-Leve
consigo um coraçãozinho. Que não é de sereia, nem de baleia. Será
que de um dragão seria?
Fernanda
Blaya Figueiró
Nenhum comentário:
Postar um comentário