20 de mar. de 2013

Conto Floriano de Pano


Floriano de Pano
 
Floriano de Pano ou Floripano, para os amigos, é um Ilhéu brasileiro que bem que podia ser Açoriano, quer dizer no fundo acho até que ele é. Boneco nascido nos Caminhos Açorianos, em Santo Antônio de Lisboa. Mora numa praia onde existe um Sambaqui. Tem samba aqui? Tem!! Mas não é disso que se trata e sim de um velho amontoado de cascalho, de conchas,feito por antigas civilizações coletoras, um lugar místico.
Come-se muito bem por lá!!! De ostras gordinhas a fofos filés de peixe e muito,  muito,  muito Camarão, tudo pescado por ali mesmo. Nas armadilhas ou as lanternas,  são criadas umas e outras ostras...
Mas no tictictictic... dos bilros, um tipo de magia que trança a linha com pedacinhos de madeira  em uma grande almofada foi feito um coração... Seria de sereia ou de baleia? E agora? Pois então... O coração pertencia a uma Fada. Nem sereia, nem seria. Nem baleia nem bailarina. A Fada morava numa casinha bem pequenininha de porta e janela rente à calçada. Era pequena e tinha longas asas coloridas, trabalhava com encantamentos de todas as maneiras. Mas, só podia ser vista num dia de pouco sol e pelas crianças mais alegres do mundo. Um dia uma indiazinha catava conchinhas com sua cesta de folha de bananeira e de longe viu a Fada na janela tecendo um lindo chale colorido... Olhou! Olhou e não queria acreditar no que seus olhos viam. Foi chegando bem devagarinho e perguntou:
- Quem é você?
- Sou a Fada Madrinha- ela respondeu prontamente.
-Madrinha de quem?
-De todos os moradores da Ilha, que cada morada tem uma fada, você não sabia?
- Eu, não sabia- respondeu a menina- Cato conchinhas como minha mãe fazia e a mãe da minha mãe... O sambaqui conta bem essa história.E nunca ouvi falar em Fadas Madrinhas por aqui...
- Eu vim para cá nas páginas de um antigo livro – tratou de explicar - Ele era de um menino que atravessou o mar há muito tempo atrás. Quando cresceu apaixonou-se por uma Castelhana e foi se embora.
- E você ficou para trás?
- Não! – Quando as crianças crescem as fadas adormecem.... Até encontrar uma outra criança... Fiquei na Ilha, com o tempo o velho livro foi levado pelo mar e a história que ele contava se perdeu...
- E que história era?
- Ah!! Uma linda história de um menino que amava o mar e que viajou nas costas de um dragão. Seu nome era Floriano.
- Floriano de quê?
- Floriano de Pano!! Mas como você se chama, menininha?
- Adelina! Mesmo nome da minha avó... Ela era uma grande rezadeira...
- Pois bem Adelina, Floripano era um aventureiro seu sonho era conhecer a América. Isso há muito, muito tempo atrás, então ele se candidatou para trabalhar num navio cargueiro, naquele tempo os navios eram feitos de madeira e não eram grandes como são hoje. No mesmo navio embarcou disfarçado um dragão.
- Um dragão??
- Isso mesmo!- respondeu a Fada Madrinha.
-Não acredito...
-Nem precisa... Lembra que eu falei que essa é uma historia antiga, de um livro que se perdeu no mar?
- Lembro! - Mas não é por isso que eu preciso acreditar.
- Não precisa, no mundo das histórias as coisas não são de verdade, são de imaginação.Continuo ou não!
- Sim, pode continuar.
- O dragão se escondeu junto com a carga, mas lá não tinha nada para comer e ele foi ficando fraquinho, a viagem era muito longa. Um dia o Capitão pediu a Floripano que abrisse o porão do navio para entrar um ar e que buscasse um pedaço de bacalhau. Foi assim que ele encontrou o dragão. Levou um susto danado, mas ficou bem quietinho. Voltou mais tarde.
- O dragão não atacou ele?
- Não, era um dragão amigo... Mas faminto. Floripano deu a ele um bom pedaço de torta de galinha.
-Tinha galinha no navio?
-Não! Ele tinha levado muitas torta de casa.Os dois ficaram amigos e quando o navio já estava quase aportando, o Capitão encontrou os dois jogando cartas. Ficou furioso e ordenou que fossem presos... O Dragão ficou tão assustado com a fúria do homem que abriu as asas e chamou o amigo. Floripano montou nas costas do Dragão e os dois voaram para a costa. O menino virou um aventureiro da Terra Nova e o Dragão se escondeu na Praia Mole, lá ele dorme, durante o dia e voa nas noites de lua cheia.
- Como que eu nunca ouvi essa história? Perguntou Adelina.
-Porque ela se perdeu... Lembra que eu falei?
- Lembro! E agora eu tenho que ir embora... Minha mãe deve estar me esperando.
-Leve consigo um coraçãozinho. Que não é de sereia, nem de baleia. Será que de um dragão seria?

Fernanda Blaya Figueiró





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