28 de set. de 2008

Será que era??

Será que era ??

Sibile estava comodamente instalada, em sua árvore, quando sentiu um estrondo...!! Curiosa, espiou, com cuidado, e, para sua surpresa, um enorme palco estava sendo descarregado, do interior de uma jamanta.Isso mesmo! Um palco! Armações de ferro, tablado de madeira e toldo de lona...!!

- Ora, vejam só! _A cobrinha pensou. – O que será que está acontecendo?

O dia prometia ser movimentado. O lagarto Adroaldo interrompeu, correndo, seu habitual banho de sol. Na correria, passou por ela e comentou:

- Sibile!_Chamou baixinho_ Ouvi comentários de que vai vir um montão de gente para cá... Para um show!

- Um show? De música?

O lagarto olhou para ela, sem entender a pergunta.

- Não sei se é de música, mas precisamos sair daqui. Urgente!

Adroaldo era um pouco alarmista; ficou falando sobre os carros chegando, as pessoas construindo barracas, estendendo panos no chão e pisando em tudo.. Algo meio parecido com o “Apocalipse da estrada”. Para Sibile, um negócio sem muito sentido.

- Nunca acontece nada, aqui _Ponderou ela_Não vou sair de casa; quero ver tudinho... !

- Ah! Sei! – Respondeu o lagarto – Depois, não vai ficar aí bancando a serpente mal entendida. Eu tô sumindo, tchau! Mania que vocês cobras tem de se meter com gente...

Adroaldo saiu, resmungando, e com ele, foram os pássaros, as borboletas, os coelhos e_ até_ as aranhas. Sibile ficou bem quietinha! Não perderia aquilo, por nada do mundo!

Vários trabalhadores começaram uma barulheira danada. Sibile não conseguia dormir. Os homens discutiam, soltavam gargalhadas e comiam... Muitas latas de refrigerante. Algum tempo depois, o palco estava pronto, com iluminação, enormes caixas de som e dois telões.

De uma hora para outra, tudo aquilo que Adroaldo falou, aconteceu...À frente do palco ficou tomada de gente. E, pelo jeito, de várias tribos! Uns usavam cabelos coloridos, outros não usavam cabelos, uns tinham tatuagens, outros ferros nos dentes.

Churrasco de gato, maça doce, tapioca e cachorro quente pareciam se misturar no vento. Era tanta gente fumando, comendo, bebendo, que Sibile chegou a enjoar. Mas ficou firme em seu posto!

Em pouco tempo, não havia mais lugar para uma mosca, de tão cheio que o campo ficou.

A noite já ia longe, quando um estranho silêncio tomou conta do ar. As luzes iluminaram, só o centro do palco; todos ficaram imóveis, como que hipnotizados, esperando algo.

Sibile prendeu a respiração, fixou o olhar, no centro do palco. Uma fumaça branca começou a aparecer, a cortina subia lentamente, até que uma guitarra rompeu o silencio e levou o público á loucura. Sem saber por que, Sibile gritava junto com a multidão, que pulava, freneticamente, sacudindo a cabeça para frente e para trás...

- Que energia! Que vibração!

Sibile estava tomada por um tipo de torpor... Mas, estava contente, mesmo assim.

O show levou muito menos tempo, do que toda a preparação...

Assim que as luzes se apagaram, todos foram embora, deixando o chão imundo e pisoteado.

Sibile estava exausta! Uma frase que foi repetida várias vezes retumbava em sua mente: - O Deus do Rock!

Sibile era uma serpente de sorte!Enfim, havia conhecido Deus! Um carinha bem legal, pensou.


Viamão, 28 de setembro de 2008
Fernanda Blaya Figueiró

Revisado por Angelita Soares

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