21 de jul. de 2008

Amaru

Amaru

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró

Nada foi em vão...
Amaru andava silencioso sobre as cinzas do vulcão.
Do alto podia ver, ser e sentir a cordilheira. Que segredo seu silêncio continha? A longa cadeia de montanhas nada respondia.
A fumaça dançava no céu limpo e claro. O condor voava livre. A lhama buscava pasto entre cinzas e pedras.
Sozinho tocava! Sua música percorria vales e montanhas... Contornava e transpassava os corpos... Ecoava!
Amar!
Cada pedra, cada cinza, cada grão sabia.
As palavras contêm todos segredos do Universo.
Amaru sabia...
Quando as asas do condor movem o ar e as patas da lhama pisam o solo, não há limites, nem fronteiras. Vida e morte. Verso e reverso da mesma palavra.
Antes de o vulcão acordar não havia cinzas no chão. Agora há.
Amaru pisou sobre elas com alegria e respeito. Não há o que temer...
As cinzas agora são parte da paisagem. Não há mistério.
As cinzas são vulcão... São Terra!
Quando Amaru caminhava a vida continuava... Quando Amaru tocava a morte continuava. Quando o vento soprava Amaru desaparecia... Encontrando o vento com a montanha, Amaru retornava...
Foram tantos caminhos e descaminhos que as cinzas...
Mulher forte Consuelo! Bela menina... Maria.
A cordilheira nada respondia... O condor no céu voava...
Amaru compreendia...Amaru




O Sonho

Autoria: Angelita Soares

Anelise dormia...E sonhava. Era pó do pó...Estava nas cinzas do Vulcão.E sentia a força dos ventos...Do Ar. Da Terra. Do Fogo. Havia uma leveza em tudo; uma liberdade jamais sentida. Livre.Leve.
Do fundo da canção de Amaru, ouvia:
Leve o Recado dos Elementos aos seres humanos. A Unidade precisa ser refeita. Os Elos precisam ser reencontrados. È preciso reinventar o Humano.
A força do Ar fazia Anelise deslocar-se, de um lado a outro, sem cessar, num bailado exótico, em que as próprias cinzas do Vulcão desenhavam imagens. Do Âmago da Terra, vinha uma vibração sutil, misteriosa...Amorosa!
Anelise, extasiada, deixou-se ser levada por aquela Magia...Foi ao céu. Tornou-se estrela. Cometa. Raio. E chuva. Dentro do Oceano, tornou-se alga.Plâncton.Peixe. Fenecida. Tornou-se húmus. Semente. Grão. Trigo.Pão. Recebeu o calor das mãos. Do forno. Foi partilhada. Degustada. E redescobriu, novamente....O amor!
Era,novamente, cinza...Livre.Leve. Pôde ouvir o lamento asfixiado dos peixes cobertos de veneno. Dos pingüins revestidos de óleo. A tristeza de milhares de árvores derrubadas, em nome de coisas...Fúteis.O estertor agonizado da Vida pedindo socorro. Suplicando: Transforme nosso Pranto em Poesia para que nossa morte não seja vã!
Anelise acorda, suando. Precisava contar para alguém...Mas quem??

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