29 de jul. de 2008

O encanto de Haniffe

Continuação do post: O tapete encantador

O encanto de Haniffe

Autoria: Fernanda Blaya Figueiró


Mustafá, Caled e o tapete não saiam do pensamento de Linna. Assim que chegou em casa, resolveu pesquisar sobre a arte da tapeçaria. Descobriu que era uma tradição muito antiga, praticada por persas, gregos, romanos e muitas outras culturas.
Lembrou de Caled dizendo que aquele era um tapete que havia sido tecido, no interior da França, no século quinze.
A princesa Haniffe era, realmente, muito bonita. Suas feições eram alongadas e a pele levemente escura, tinha longos cabelos castanhos, caindo sobre os ombros. Linna lembrou que, no retrato, ela usava um vestido verde escuro, com detalhes em branco. Aparecia, em meio a um belo jardim, com muitas flores, e seu sorriso era muito pacificador.
Enquanto pesquisava, Linna acendeu um incenso e tentou se imaginar naquele ambiente. A delicadeza dos detalhes e a perfeição do desenho indicavam muita habilidade e paciência.
Caled contou que a princesa havia saído muito jovem, de sua terra natal, por causa de uma terrível guerra. Mas acabou deixando, lá, um grande amor. Para passar o tempo e evitar o sofrimento da separação, teceu o tapete, com a ajuda de suas tias e primas. Ele deveria ser um presente para seu bem amado.
A confecção levou muito tempo. Haniffe escolhia a urdidura, tingia cada fio e tramava com paciência e dedicação. Sempre, imaginando que um dia o tapete levaria seu encanto para junto de seu bem amado.
As notícias de sua tribo não eram as melhores, guerras, saques, dominação. Haniffe conclui a bela obra e confiou a um bom mensageiro. Mas os tempos eram muito turbulentos e o artefato acabou caindo, nas mãos de um pirata ambicioso.
A princesa esperou, em vão, saber o que seu amado havia achado do tapete. O tempo passou e ela, desiludida, achou que havia sido esquecida. Perdendo seu encanto...
Ninguém soube dizer o que aconteceu com a bela princesa. Uns dizem que retornou para sua tribo, outros, que morreu de tristeza. Caled preferia a estória que dizia que, um dia, encontrou seu grande amor, num belo jardim.
O tapete? Seguiu enrolado, no porão de um navio, levando o encanto e o amor da bela Haniffe. Em terras muito distantes, foi trocado por ouro e prata. Serviu de ornamento e de agasalho. Passou por palácios e sacristias. Hoje, aguarda na loja de Caled.
Linna estava cansada, mas muito feliz. No dia seguinte, levaria a lente de cristal até a loja, para ver se era do lustre. Mas, como Caled sabia que as duas peças eram da mesma princesa?

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